O Piauí está atualmente com 30% da população com a nova carteira de identidade nacional (CIN). De acordo com o governador, Rafael Fonteles (PT-PI), a meta é conseguir pelo menos 80% da população com a CIN até o fim de seu mandato, em 2026.
Dados do Censo de 2022 do IBGE apontam que a unidade da federação tem 3,2 milhões de população residente. Ou seja, 30% representa cerca de 960 mil CINs.
O governador e secretários de estado participaram nesta sexta-feira, 6, de um debate sobre avanços em digitalização estatal organizado pelo Conselho de Transformação Digital do Piauí, o Geid-Poli da USP e contou com o apoio da entidade de sociedade civil Comunitas.
A estratégia do governo piauiense se baseia em criar postos de atendimento para confeccionar as CINs. Segundo o secretário de Inteligência Artificial, Economia Digital, Ciência, Tecnologia e Inovação estadual, André Macêdo, a ideia é que esses postos se tornem unidades de atendimento digital para qualquer serviço ou certidão estadual que o cidadão precise.
Atualmente, o Piauí tem 102 cidades com postos de atendimento.
Por sua vez, o secretário de Segurança Pública do estado, Chico Lucas, afirmou que o principal diferencial para avançar foi tirar a produção da CIN da Polícia Civil, em um processo de transformação em prol da cidadania digital: “Queremos que identidade civil saia da segurança e vá para a cidadania”, disse, ao lembrar que o Piauí também foi a primeira unidade da federação a ter carteira neonatal.
Uso da IA pelo Estado do Piauí
Outro processo que começará a deixar a intervenção policial direta, ou seja, sem a necessidade de um policial presente, é o registro de boletins de ocorrências (B.O). O governo do Piauí está trabalhando para criar em 2025 uma assistente para atendimento de registro de BO pelo WhatsApp. A proposta é também deixar o cidadão livre para descrever um fato/ato criminoso sem receios.
O secretário explicou que a ideia é reconhecer que existe um subrregistro de BOs nos estados e que na maioria dos casos, o cidadão sequer consegue abrir o registro. A solução já está em testes com diversas, disse Lucas. “A tecnologia veio para facilitar para que as pessoas possam comunicar a violência. Hoje, temos o gargalo da comunicação. Não podemos criar obstáculos ao atendimento”, completou.
Celulares
O secretário de Segurança Pública também confirmou que o sistema de recuperação de celulares estadual já recebeu 22 mil registros de roubos e furtos. Desse total, 9 mil foram recuperados. A tecnologia, que é proprietária do estado, não tem relação com o Celular Seguro do Ministério da Justiça e Segurança Pública e se tornou referência nacional.
“Compartilhamos essa tecnologia com vários estados. Basicamente, nós pegamos os dados nos sistemas policiais, filtramos e registramos. Um processo funcional e eficiente para todos os casos com tecnologia”, disse. Lucas acredita que a segurança pública passou a ganhar mais crédito com a população. Tanto que os habitantes geraram mais registros de roubo de celular. “Agora queremos evoluir para roubo e furto de veículos, homicídios, com elementos pessoais e interações, para usar a ferramenta”, completou.
Para Marcelo Nery, pesquisador do NEV-USP e IEA-USP, o projeto de recuperação de celulares no Piauí demonstra que o sucesso da Segurança Pública está ligado ao crédito dado pelas pessoas à instituição. “Sem sombra de dúvidas é um exemplo que consolida a confiança nas instituições e legitimidade dos poderes públicos”, disse.
Imagem principal, da esquerda para direita: André Macêdo, sec. de IA; Rafael Fonteles, governador do PI; José Roberto Affonso, prof. IDP e do ICSP; Patrícia Loyola, diretora de gestão e investimento social da Comunitas; Virgílio Almeida, prof. emérito da UFMG (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)