A Mais Barato Store, operação de comércio eletrônico da distribuidora Brightstar no Brasil, registrou em 2019 a venda de 300 mil aparelhos seminovos, como são chamados os telefones usados que passam por um processo de verificação e restauração antes de serem revendidos. Esse volume representa um crescimento de 20% em comparação com 2018. A expectativa para 2020 é de um crescimento da ordem de 50% na captação de smartphones usados, por meio da intensificação da operação de trade-in mantida pela Brightstar nas lojas da Via Varejo (Casas Bahia e Ponto Frio). A Brightstar é também a responsável pelo programa de trade-in nas lojas da Vivo. Ao todo, há 2,5 mil estabelecimentos comerciais espalhados pelo Brasil que compram celulares usados através da Brightstar, para depois serem recondicionados e vendidos como seminovos na Mais Barato Store. É a maior operação de trade-in da Brightstar na América Latina.

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“Seminovo é diferente de usado porque é recondicionado”, explica Luciana Almeida, diretora comercial da Mais Barato Store

Todos os celulares adquiridos pela Brightstar são encaminhados para um centro de distribuição em Jundiaí/SP, onde passam pelo processo de recondicionamento, o que inclui uma série de testes para verificar seu estado. Quando necessário, algumas peças são trocadas. Baterias com menos de 80% de capacidade, por exemplo, são substituídas. Os aparelhos são classificados em três categorias, de acordo com sua aparência (bom, muito bom ou excelente), o que determina seu preço de revenda, que pode ser até 80% mais barato que o mesmo modelo novo. Entre a compra do usado e seu retorno para revenda como seminovo leva-se entre 15 e 25 dias.

“Nosso processo de qualidade é rigoroso. Verificamos a parte funcional e cosmética. Todos aparelhos precisam estar 100% funcionais. Testamos tudo, do display ao altofalante etc. De acordo com a avaliação cosmética, separamos em três categorias: excelente, muito bom e bom. “Excelente” significa que está em perfeito estado. “Muito bom” é quando tem alguns sinais de uso na carcaça etc. E  “bom” é quando há mais sinais de uso, como arranhões na carcaça e riscos leves na tela”, explica Luciana Almeida, diretora comercial da Mais Barato Store, em entrevista para Mobile Time.

A Mais Barato oferece garantia de três meses. Essa é um das vantagens de um “seminovo” frente a um “usado”. A executiva reforça a diferença entre os dois conceitos: “Seminovo é diferente de usado porque é recondicionado. Na compra de um usado você não tem garantia nenhuma. Queremos que o consumidor entenda que o seminovo passa por testes de qualidade, tem garantia, tem procedência. Estamos promovendo esse conceito.”

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Centro de distribuição da Brighstar em Jundiaí, onde smartphones usados são restaurados para serem vendidos como seminovos

Modelo de negócios

As lojas parceiras que servem para a captura de smartphones usados pela Brightstar não recebem qualquer participação nessa compra. O benefício para as parceiras está em atrair consumidores para lhes venderem aparelhos novos em troca de seus usados. O valor do telefone velho é dado como desconto na compra do novo. Essa operação de compra do usado em troca da venda de um novo é chamada de “trade-in”.

No segmento premium, cerca de 50% dos smartphones novos são vendidos através de trade-in. Na gama média, fica entre 20% e 30%. No low end, apenas 3% dos smartphones são comprados com trade-in.

Hoje a Mais Barato Store trabalha com cerca de 250 diferentes modelos (SKUs) de smartphones de sete marcas: Samsung, Apple, Motorola, LG, Lenovo, Asus e Sony. A maior parte do volume da companhia se concentra em Apple e Samsung, por conta do alto preço dos seus smartphones. Em geral, os iPhones seminovos têm pelo menos dois anos de vida, enquanto os aparelhos da Samsung costumam ser trocados mais cedo, com pouco mais de um ano.

Brasil X Mundo

O mercado de seminovos no Brasil tem algumas características peculiares. Por ser proibida a importação de celulares usados, trata-se de um mercado fechado, no qual os telefones usados são comprados e revendidos dentro dele mesmo. No resto do mundo, é comum a compra em países desenvolvidos, como EUA e Japão, e exportação para mercados em desenvolvimento, onde os preços dos smartphones novos são muito altos por conta do câmbio do Dólar, explica Almeida. A Brightstar compra cerca de 10 milhões de smartphones usados por ano no mundo.

Outra peculiaridade brasileira é o fato de o País ter o segundo mais caro preço de iPhone do mundo, atrás apenas da Tailândia, afirma a executiva. Isso faz com que o público nacional seja atraído pelos programas de trade-in e de venda de seminovos.

Análise

O surgimento do mercado seminovos é recente no Brasil e coincide com a maturidade no uso de smartphones no País, com vendas estagnadas em termo de volume de peças, mas aumento gradual do preço médio. O brasileiro não é mais um neófito em smartphone. Muitos já estão no seu segundo ou terceiro aparelho, sabem o valor que o smartphone tem em suas vidas e não conseguem mais ficar sem ele. Por outro lado, a crise econômica e o aumento dos preços impede que o consumidor troque seu smartphone velho por um novo na frequência que desejaria.

De acordo com a mais recente pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre uso de apps no Brasil, 57% dos internautas brasileiros com smartphone usam um aparelho desse tipo há mais de três anos; 29%, entre um e três anos; e apenas 14% há menos de um ano. A mesma pesquisa informa que 82% desses usuários compraram seu smartphone atual novo, enquanto 18% utilizam no momento um aparelho que ganharam ou comparam usado – a pesquisa não fez distinção entre usado e seminovo. O relatório integral pode ser baixado aqui.

 

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