A troca de comando no cargo de executivo de assuntos globais da Meta – do ex-vice-primeiro-ministro do Reino Unido, Nick Clegg, pelo político republicano Joel Kaplan – já começou a dar seus primeiros resultados. Em um anúncio realizado nesta terça-feira, 7, por Kaplan, a companhia mudará a forma de verificação do conteúdo em suas redes sociais, Instagram, Facebook e Threads. A primeira decisão foi acabar com a checagem de conteúdo e a segunda medida foi encerrar com os filtros.

A empresa decidiu encerrar a parceria com organizações externas que faziam a verificação de informações publicadas nas plataformas para adotar o modelo de moderação pela própria comunidade, como é realizado na plataforma X (ex-Twitter), por exemplo. A medida pôs fim a um modelo que vem sendo adotado desde 2016, em que a empresa utilizava um programa terceirizado de verificação de fatos, que trabalhava em parceria com organizações certificadas por redes internacionais, como as agências de notícias Agence France-Presse (AFP) e Associated Press (AP).

O modelo permitia que as entidades independentes analisassem conteúdos potencialmente falsos, marcando-os e limitando seu alcance para combater a desinformação.

Agora, a plataforma passará a utilizar o modelo “notas da comunidade”. Nesse modelo, os próprios usuários poderão adicionar anotações a publicações para fornecer contextos adicionais ou esclarecer informações, sem intervenção direta de verificadores externos. Segundo a empresa, essa abordagem busca promover “maior liberdade de expressão” e reduzir acusações de viés político nas verificações.

Checadores tendenciosos

As alterações começam a ser implementadas nos Estados Unidos, com expansão prevista para outros países. Kaplan justificou a mudança afirmando que os verificadores de fatos têm sido “politicamente tendenciosos” e que a nova abordagem permitirá maior liberdade de expressão nas plataformas da Meta.

Meta em sintonia com Trump

O anúncio é um dos primeiros passos da aproximação do CEO da Meta com o recém-eleito presidente americano Donald Trump. Após um clima tenso no passado, Zuckerberg busca cada vez mais se alinhar ao mandato do presidente americano, como a troca do executivo de assuntos globais pelo republicano Joel Kaplan, e a nomeação do CEO do UFC, Dana White, para ser membro da diretoria da Meta.

Em sua declaração, Kaplan criticou o próprio trabalho da holding com os checadores. Disse que o sistema de gerenciamento de conteúdo tornou-se complexo e, como resultado, houve exagero na aplicação das regras, o que teria limitado “o debate político, e excluindo conteúdo trivial, e submetendo muitas pessoas a ações frustrantes de aplicação de políticas.”

Fim de restrições e flexibilização

O CEO da holding disse ainda que assuntos antes restritos – como imigração identidade de gênero – terão essas restrições eliminadas. “Não é certo que coisas possam ser ditas na TV ou no plenário do Congresso, mas não em nossas plataformas. Essas mudanças de política podem levar algumas semanas para serem implementadas integralmente”, disse o novo VP para assuntos globais em seu anúncio.

Outro ponto é a flexibilização dos sistemas automatizados  para detectar violações a políticas da Meta. Segundo Zuckerberg, esse método vem removendo “erroneamente” muito conteúdo que não deveria ser censurado.

Por isso, esses sistemas serão utilizados exclusivamente para conteúdo ilegal e violações de alta severidade, como terrorismo, exploração sexual infantil, drogas, fraudes e scams. Para violações consideradas menos graves, será utilizado o sistema de denúncias dos usuários.

Meta também vai eliminar restrições que reduzem a visibilidade de conteúdo que podem violar suas regras. E, por fim, o time de Trust and Safety que escreve as políticas de conteúdo e revisa os conteúdos sairá da Califórnia para o Texas e outras localidades nos EUA.

“Desde 2021, temos feito mudanças para reduzir a quantidade de conteúdo cívico que as pessoas veem em nossas plataformas – posts sobre eleições, política ou questões sociais. Essas mudanças ocorreram com base no feedback dos nossos usuários, que nos disseram que queriam ver menos esse tipo de conteúdo. Mas essa medida foi um tanto brusca. Vamos começar a reintroduzir conteúdos dessa natureza no Facebook, Instagram e Threads com uma abordagem mais personalizada, para que as pessoas que querem ver mais conteúdo político em seus feeds tenham essa possibilidade”, resumiu Kaplan.

 

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