A Portobello, tradicional fabricante brasileira de pisos e revestimentos, estuda a possibilidade de instalar uma rede celular privativa em sua fábrica na cidade de Tijucas/SC. A iniciativa pode fazer parte do projeto de transformação digital da companhia iniciado em 2023.
“A fábrica já é bem automatizada. O processo de estocagem e o trânsito dentro dela são feitos por robôs. Mas procuramos uma maneira de eliminar os cabos e o Wi-Fi. Estamos estudando como implementar isso”, comenta Daniel Mathias, head de transformação digital e TI do Portobello Grupo, em conversa com Mobile Time.
A planta fabril de Santa Catarina tem 14 fornos, cada um com 500 metros de comprimento e 20 metros de largura. A tecnologia móvel traria como vantagem sobre o Wi-Fi uma cobertura mais ampla e maior facilidade de deslocamento dentro da planta fabril sem perda de conexão (handover).
Transformação digital no Portobello Grupo
O Portobello Grupo existe há 45 anos e hoje é composto por cinco unidades: Portobello, responsável pela fábrica catarinense; Portobello Shop, braço de varejo; Pointer, fábrica localizada em Alagoas; Portobello America, fábrica instalada no Tenesse, nos EUA; e a unidade de varejo para o mercado norte-americano.
A transformação digital começou pelo braço de varejo durante a pandemia e em 2023 foi desenhado um plano para levar a inovação e a cultura do mundo digital para todo o grupo
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Daniel Mathias, head de transformação digital e TI do Portobello Grupo (crédito: divulgação)
“Tecnologia sempre foi algo muito pulsante na Portobello, mas não necessariamente a digital. Foi a primeira empresa a produzir porcelanato em grandes formatos, de 1,2m x 90cm, ou 1,80m x 1,20m, por exemplo. A gente construiu a tecnologia para fabricar isso. Trabalhamos com tecnologias de relevos e superfícies, criamos novos estilos. Temos tradição nisso. Mas agora o Portobello Grupo entende que a tecnologia digital, como plataformas, apps, IA, BI, LLM etc, deveria ser adotada para agregar valor à marca”, relata Mathias.
O projeto foi dividido em três pilares: “Go digital”, de implementação de ferramentas digitais; “Be digital”, de capacitação digital dos colaboradores; e a adoção de habilitadores digitais, recursos necessários para a construção de novas ferramentas digitais. As três frentes andam em paralelo dentro de várias iniciativas que compõem a jornada de transformação digital do grupo.
Etapas concluídas
A migração de sistemas para a nuvem, a adoção de arquitetura de microsseserviços, a atualização de softwares com linguagens de programação mais avançadas e a implementação de medidas de cibersegurança estão entre as principais ações que compõem o plano.
O ERP é o próximo sistema que vai migrar para uma nuvem privada, o que deve diminuir em quase 70% a utilização do data center on premise da Portobello. A tendência é que esse data center seja desativado no futuro.
Além disso, diversas ferramentas digitais foram implementadas ao longo dos últimos dois anos como parte do plano. Uma delas é uma solução de gestão e previsibilidade de demanda para o Portobello Shop usando inteligência artificial e machine Learning que reduziu em quase 50% o nível de ruptura de estoque.
Outra é um aplicativo móvel focado em aumentar a produtividade do time de vendas da Portobello. No app, os vendedores gerenciam seus leads e o relacionamento com seus clientes. Lançado no fim de 2024, já aumentou a produtividade de 90% dos vendedores desde então.
Futuro
Além da possível implementação de uma rede celular privativa na fábrica em Tijucas, Mathias quer usar o ambiente digital para reduzir o tempo necessário para o lançamento de novos produtos da Portobello.
“Queremos diminuir o ciclo de inovação na indústria. O tempo entre ter a ideia e ver a peça pronta é grande. Com o digital devo conseguir encurtar isso e reduzir os custos com protótipos”, prevê o head de transformação digital e TI da companhia.
Imagem no alto: fábrica da Portobello em Tijucas/SC (crédito: divulgação)