A COO de novos negócios da Sinch, Marcia Asano, acredita que a chegada do WhatsApp Pay para transações comerciais (P2M) faz parte de uma etapa de evolução do aplicativo. Em conversa com Mobile Time, a executiva afirmou que não é possível comparar o aplicativo de mensageria da Meta com o atual conceito de superapp do mercado, que foi cunhado a partir do WeChat.

Para Asano, o app de mensageria chinês tem mais a característica de ser um hub com vários apps dentro, inclusive de pagamento. Por sua vez, o WhatsApp “é fluido“ e tenta levar grande parte das suas funcionalidades para a janela da conversa, ou seja, para um único ambiente.

Um exemplo do potencial da plataforma está na Índia. A COO lembrou que existem diversos casos de uso do WhatsApp Pay após dois anos de uso no país, inclusive com grandes empresas de utilities e finanças, o que mostra o potencial da plataforma.

“O WhatsApp Pay P2M é disruptivo. O mercado que ele vai destravar é muito maior que o de mensageria. Isso porque você garante a conversão e torna o canal efetivo”, prevê. “Nas experiências anteriores de compras pelo WhatsApp, mas sem o WhatsApp Pay para fazer o pagamento, a perda da venda era a principal barreira que acontecia no momento em que o usuário precisava sair do app de mensageria para fazer o pagamento. Era uma experiência truncada, mas sempre existiu potencial”, complementa.

Importante dizer, o WhatsApp Pay P2M no Brasil será liberado apenas para os pequenos e médios empreendedores que usam o app WhatsApp Business (Android, iOS). Uma API está com parceiros de negócios da Meta (BSPs), como a Sinch.

Testando há oito meses as funcionalidades de payments do WhatsApp, Asano relatou que o WhatsApp Pay é, na verdade, “uma melhora no app”. Mas não vê um comparativo com o e-commerce, por exemplo: “O design thinking do WhatsApp Pay é para pensar na experiência conversacional. A intenção não é transformar o WhatsApp em um e-commerce. As soluções (que surgem) sempre mantêm a simplicidade e um padrão de uso. A Meta quer evitar que o app fique complicado”, completa.

Experiências e desafios

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Rodrigo Batella, head de payments e finanças da Take Blip (divulgação: Take Blip)

Ainda assim, Rodrigo Batella, head da divisão de finanças e pagamentos da Take Blip, prevê que as empresas terão oportunidades de cruzar mais os canais de mensageria com os canais comerciais. Um exemplo que pode ocorrer é o cruzamento de informações do ERP com o atendimento feito ao cliente para ofertar produtos em novos formatos enriquecidos, como catálogos e extensions.

Por outro lado, o executivo não vê grandes alterações na plataforma para o consumidor, pois o mensageiro é fácil de usar e tem conhecimento empírico da população: “O grande contexto é que você não precisa explicar o que é o WhatsApp. Não será preciso baixar um tutorial para explicar como paga ou como usa o catálogo. No comércio, existe a opção de usar o pagamento como complementar à mensageria e voz, e a compra vai ser intuitiva. Para o usuário muda pouco”, complementa.

Batella também espera que o WhatsApp Pay P2M seja liberado para as grandes empresas. Em sua visão, a entrada de grandes companhias pode servir para atrair mais público. Mas, para isso, também é necessário haver apoio de participantes do ecossistema de pagamento que estão na plataforma da Meta.

“A minha opinião é que a divulgação do WhatsApp Pay será massificada. O ponto principal parte da adquirência. Como há grandes bancos por trás das adquirentes, esses dois setores farão uma massificação exponencial na mídia, em canais abertos ou mídia direta”, diz.

“As grandes corporações serão como âncoras, mas isso será um movimento paralelo (do WhatsApp Pay para PMEs). São âncoras que dão mais robustez, segurança e responsabilidade ao WhatsApp Pay. É difícil ter um movimento fechado. Basta ver que a Meta fez acordos com adquirentes e bandeiras”, completa.

 

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