A tecnologia tem o poder de facilitar as nossas vidas. Carros, elevadores, telefones, tudo isso apresenta uma tecnologia que um dia foi inovadora e hoje se mostra essencial. É comum que as novidades passem por um momento de estranheza para depois cair no gosto da população. Mesmo assim, faz sentido afirmar que os dispositivos móveis já são parte da rotina de pessoas e empresas. Outros aparelhos que também devem passar por essa transição são os wearable gadgets, ou acessórios vestíveis. Ainda vistos como futuristas, eles começam a despontar no cenários das feiras de tecnologia e prometem revolucionar o modo como vivemos e trabalhamos.
É importante notar que a ideia de vestir um aparelho eletrônico não é exatamente nova. Um bom exemplo é o relógio de pulso, que já existe desde o começo do século XX. Pensando no lado profissional, há relativamente pouco tempo não se via um médico sem seu pager pendurado no cinto. As pessoas já vestem a tecnologia, mas ainda são dispositivos simples e com poucas funções. Com a chegada de gadgets cada vez mais elaborados, espera-se um crescimento deste mercado de US$ 1,4 bilhão em 2013 para US$ 19 bilhões até 2018, segunda a consultoria Juniper Research.
O Google Glass aparece como precursor mais famoso desta categoria. Já foi utilizado para transmitir cirurgias, fazer coberturas jornalísticas e até desfilar na passarela. Sua venda ainda está restrita a desenvolvedores, mas é possível deslumbrar seu uso em diversas áreas profissionais. Encontramos na mídia vários médicos que estão testando a nova tecnologia. Um dos primeiros foi o Dr. Paul Szotek, da Indiana University Health. Ele e um colega utilizaram os óculos do Google durante uma cirurgia para retirada de um tumor e reconstrução do abdômen de um paciente. No site da universidade, Szotek comenta acreditar que o Google Glass “pode mudar o que nós fazemos e como fazemos”. No Brasil, já foram feitas algumas cirurgias com o aparelho e estuda-se até o desenvolvimento de um aplicativo para facilitar a transmissão de cirurgias.
A área de segurança também pode se beneficiar das novas tecnologias. Recentemente, homens do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) utilizaram óculos com câmeras acopladas durante a ocupação do conjunto de favelas da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A ideia era apenas filmar a ação e possibilitar a visão noturna, mas imagine tudo o que poderia ser feito se fosse utilizado o Google Glass. Os policiais poderiam acessar mapas, reconhecer suspeitos, sinalizar sua localização em tempo real, comunicar-se com a central de operações, etc. Segundo matéria do VentureBeat, a Polícia de Nova York recebeu alguns exemplares do dispositivo. Um policial relatou ao site que, por enquanto, estão sendo feitos apenas testes com o dispositivo, mas a ideia é utilizá-los em investigações e patrulhas.
Podemos citar ainda como uso interessante do Google Glass a empresa Virgin Atlantic. A companhia britânica de aviação vem testando o dispositivo com sua equipe responsável por receber os passageiros e checar seus bilhetes. A ideia é que eles reconheçam cada passageiro, conheçam seus vôos e preferencias, sem que que ele apresente qualquer identificação.
O Google Glass é uma ferramenta promissora, mas devemos lembrar de um detalhe importante: mesmo após seu lançamento nos EUA, ela ainda não chegou ao grande público. De qualquer forma, algumas empresas já investem na sua utilização. Com o desenvolvimento de aplicativos apropriados, imagine as possibilidades que poderão surgir apenas com um “Ok Glass”.
Os gadgets vestíveis abrem um novo caminho para as empresas. Processos de controle de estoques, vendas e entregas podem ser totalmente reformulados. Com o auxílio de relógios e pulseiras inteligentes, óculos de realidade aumentada e o que mais a tecnologia permitir, será possível recriar o modo como fazemos negócios. Com a tecnologia e, principalmente, os aplicativos corporativos certos, será possível mudar drasticamente o cenário atual. Já temos exemplos impressionantes do que as novas tecnologias podem nos proporcionar. Ainda estamos no tempo do entusiasmo na inovação, mas dentro de poucos anos acredito que já teremos estes dispositivos tão incorporados à nossa rotina de trabalho que não entenderemos mais como, um dia, trabalhamos sem eles. É só aguardar.