O Itaú (Android, iOS) pretende levar o pagamento por WhatsApp a toda a sua base de clientes em 60 dias. Inicialmente, a instituição bancária lançou para 150 mil correntistas, de acordo com o cronograma de lançamento do Facebook. Na estratégia viral da rede social, o consumidor faz o onboarding com seu cartão de débito e vai engajando pela plataforma, de forma que os outros usuários que interagem com os primeiros 150 mil também possam aderir ao meio de pagamento.
Em conversa com Mobile Time nesta sexta-feira, 7, Rubens Fogli, diretor da companhia, explicou que o Itaú levará o pagamento por WhatsApp também aos correntistas de Credicard e iti. “Certamente teremos todas as marcas fazendo o onboarding (inclusão no arranjo de pagamentos). Todas estão em andamento”, explicou Fogli, sem revelar as datas. “Obviamente, para o P2P – das contas de pagamento – depende da Credicard e do iti. Mas a direção estratégia (do Itaú) é que teremos todas essas marcas rodando no WhatsApp”, concluiu.
Assim como acontece com outros emissores que aderiram ao Facebook Pay, a comunicação da instituição focará em segurança e conveniência da transação via mensageiro, uma vez que o app é amplamente usado no Brasil.
Vale lembrar, o WhatsApp é o aplicativo mais popular do Brasil, presente em 98% dos smartphones nacionais, de acordo com a pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre mensageria móvel.
WhatsApp x Pix
Outra questão na conversa com o executivo foi a dinâmica entre WhatsApp e Pix. Fogli acredita que não haverá uma canibalização, mas pode haver uma predileção do cliente pelo aplicativo de mensageria. A vantagem dos dois meios é a redução de transações com dinheiro vivo, diz.
“Tem muito espaço para o Pix crescer em cima do dinheiro. Não há canibalização, os dois vão crescer em cima da fatia de cash (dinheiro vivo)”, avalia. “Mas acho possível o usuário dizer: ‘faria no Pix, mas no WhatsApp é mais fácil’. No final, a maior oportunidade é contra o fluxo de dinheiro vivo. Não é o Pix contra o WhatsApp”.
Por outro lado, o executivo vê com naturalidade o WhatsApp conectar o Pix em seu arranjo de pagamento: “É algo que acompanhamos por publicações e pelo debate das bandeiras e do Facebook com o Banco Central. Acredito que será um movimento natural. Portanto, eu acredito que poderemos conectar a conta do Pix no WhatsApp”, conclui.
Relação com WhatsApp e techs
O diretor do banco também foi questionado sobre a relação do Itaú com Facebook e, se o fato de a empresa de Mark Zuckerberg remunerar os bancos a cada transação traz uma nova dinâmica à relação com as grandes empresas de tecnologia, em especial Apple Pay, Google Pay e Samsung Pay. Para Fogli, não há mudanças, exceto o fato da conveniência ao consumidor.
“A dinâmica financeira é pouco relevante nessa modalidade de pagamento. Ela não é custosa e nem benéfica, ao ponto de mudar a nossa decisão ou com outras carteiras. O grande ponto é a experiência. Não é pensando na rentabilidade que pensamos em trazer essa experiência ao cliente”, disse. “Obviamente, nós (Itaú) teremos um maior engajamento do nosso cliente conosco via WhatsApp Pay. O importante aqui é: não proibimos o nosso cliente de usar o nosso cartão no WhatsApp. Existem outros bancos que proibiram ao não entrar no novo arranjo de pagamento”, afirmou.
Fogli diz ainda que o Itaú mantém uma “visão positiva de parceria com as big techs”, uma vez que essas companhias “têm um alcance muito grande com clientes”. Explica ainda que a ideia do banco é “estar onde o cliente está”: “Se ele quer WhatsApp, Apple Pay, Samsung Pay, Google Pay, nós vamos estar lá. Temos uma prateleira de produtos de maneira bastante agnóstica. Acreditamos na coopetição, não na competição”.
P2M
Em relação à transação de pessoa para comerciante (P2M) no pagamento por WhatsApp, Fogli explica que o contrato do Itaú também vale para essa categoria, lembrando que depende de aval do BC. Em relação às taxas, o diretor da instituição financeira explicou que não há mudanças no formato com o comércio eletrônico. Para ele, a discussão será no balcão das adquirentes.
“A transação de P2M pelo lado do cartão, do emissor, será no mesmo trilho do e-commerce. Não tem diferença nenhuma. É o intercâmbio definido pela bandeira e o MDR (taxa de desconto do lojista) é definido pelo adquirente que estiver captando a transação dentro do WhatsApp. Então tem pouca dúvida sobre isso”, explicou. “Mas tem uma discussão dos adquirentes que estarão no WhatsApp. Até pouco tempo atrás, a Cielo era o único player no P2M. Continuou assim no P2P. Mas entendemos que teremos outras adquirentes no balcão de P2M do WhatsApp (por decisão do BC)”, completou.