O recente anúncio da saída da LG do mercado de celulares no primeiro trimestre de 2021 começa a surtir os primeiros efeitos no Brasil. De acordo com Renato Meireles, analista de pesquisa e consultoria em consumer devices da IDC Brasil, os fabricantes que estão no mercado e tentam ocupar o espaço da LG – aproximadamente 10% do market share nacional – não conseguirão fazer isso neste ano.
“Quando falamos no ano de 2021, a LG teria 4 milhões de peças. Isso fica à deriva no mercado. Com a crise de supply chain (falta de peças e linhas de frete), não vemos os fabricantes conseguindo abocanhar esse mercado. Pelo menos 1 milhão serão perdidas dentro das 4 milhões de peças previstas”, prevê o analista em conversa com Mobile Time.
“Tivemos que reduzir 2 pontos percentuais a expectativa de crescimento do mercado até o final de 2021 (de 2,7% para 0,7%) por conta da saída da LG”, completa.
Perda de relevância
Complica para o mercado nacional de celulares o fato de fabricantes apostarem em mercados como China, Indonésia, Estados Unidos e Índia, seja por estarem mais avançados na retomada da economia pós-imunização da população no combate ao coronavírus; ou por apetite do mercado interno, caso da Índia.
“Neste cenário, o Brasil passa a figurar entre quarto ou quinto na prioridade para envio dos componentes”, afirmou Meireles. “Isso acontece mesmo com a saída da LG. O market share da fabricante era similar entre Brasil e EUA, 10% no mercado nacional e 8% no norte-americano. Neste cenário, os fabricantes priorizam o mercado norte-americano de olho nas vendas e aumento de receita”, completou.
Varejo
O impacto da saída da LG não afeta apenas os fabricantes, mas os varejistas. O analista da IDC alerta para o problema da falta de estoques e negociações mais árduas entre os comerciantes e os líderes do mercado de handsets Android – leia-se, Samsung e Motorola. A LG era a única que fazia frente aos dois principais fabricantes.
“O principal desafio do varejo é a consolidação do mercado. Isso é ruim. Você tem menos negociações, os preços serão ditados pelos líderes no mercado”, afirmou.