20190807 MarceloKahn 2483

A entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no ano que vem está mexendo com o setor de chatbots. Diversos fornecedores estão trabalhando intensamente para a adaptação de suas soluções de forma a atender à nova legislação. Paralelamente, há forte pressão por parte dos clientes corporativos: alguns já deixaram claro que vão romper contratos caso seus bots não cumpram as exigências da LGPD. O assunto foi trazido à tona durante o painel de abertura do Super Bots Experience, com a participação de representantes de cinco grandes fornecedores de robôs de conversação que atuam no Brasil.

O CEO da Hi Platform, Marcelo Pugliesi, relatou que a empresa realizou há poucos dias um evento para clientes justamente sobre a LGPD, por conta do interesse que o assunto desperta. A companhia está trabalhando para atender todas as regras.

O CEO da Take, Roberto Oliveira, criticou o fato de haver hoje um certo “terrorismo” em torno do tema dentro das empresas, o que levanta uma barreira para vários projetos, que agora precisam de aprovação de departamentos de segurança da informação. “Tem muita distorção das informações que estão sendo discutidas. Adota-se uma linguagem muito técnica e as pessoas da área de negócios nem discutem”, comentou.

Por sua vez, o diretor de tecnologia da Zenvia, Daniel Wildt, recomendou: “O segredo para a LGPD é a transparência.”

E Ángel Trujillo, country manager da Inbenta, destacou que, por ser uma companhia espanhola, a Inbenta já está adequada à LGPD, pois a lei brasileira é muito parecida com a europeia, a GDPR.

Consolidação

Outro assunto em pauta é a tendência de uma consolidação do mercado de bots. Eduardo Henrique, CEO da Wavy, enxerga a existência de uma bolha de tecnologia na América Latina. E alertou que uma hora a ressaca virá. Vale lembrar que a Movile, controladora da Wavy, tem experiência em crescimento inorgânico, tendo adquirido ou realizado fusões com uma série de empresas nos mercados de conteúdo móvel e de delivery de comida nos últimos anos.

Oliveira, da Take, concorda que haverá consolidação no segmento de plataformas para desenvolvimento de bots, mas não no segmento de prestação de serviços envolvendo robôs de conversação, pois neste caso há inúmeros nichos a serem trabalhados. A tendência é que surjam cada vez mais players especializados em bots para verticais ou finalidades específicas.

Mão de obra qualificada

A contratação de mão de obra qualificada é mais um desafio atual do mercado nacional de bots. “Queremos acelerar o nosso roadmap de lançamento de novas features, mas não é fácil contratar pessoas qualificadas”, comentou o CEO da Take.

Trujillo, da Inbenta, recomendou que todo projeto de bot deve ter uma equipe composta de um bot master, especialista na construção dos diálogos; um responsável pelo middleware, ou seja, pela integração com sistemas legados; e um especialista em negócios.

Wildt, da Zenvia, destacou o surgimento de novos profissões nesse setor, como o treinador de bots, e a revalorização do UX writer, no atual contexto de crescimento do mercado de bots.

 

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