O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva e o seu par chileno Gabriel Boric assinaram um acordo de cooperação espacial para o desenvolvimento da indústria de satélites do Chile nesta terça-feira, 6. A parceria, que visa apoiar a criação do Centro Espacial Nacional do Chile (CEN), é vista pelo mandatário brasileiro como um primeiro passo para os dois países avançarem juntos no desenvolvimento de ciência e tecnologia de ponta, inclusive na inteligência artificial.
“É motivo de orgulho compartilhar a experiência institucional brasileira com o jovem Ministério de Ciência, Tecnologia, Conhecimento e Inovação chileno, criado em 2018. Os memorandos de entendimento assinados por nossos ministros vão nos permitir explorar iniciativas conjuntas no setor espacial e em outras áreas de ponta’, disse Lula durante a instalação da pedra fundamental do CNE. “Tenho certeza de que este Centro será um importante ativo para o desenvolvimento econômico, científico e tecnológico do Chile e que nossa cooperação nos levará muito longe”, completou o brasileiro no último dia de sua visita ao território chileno.
Lula reforçou que a sua administração retomou o investimento no setor espacial com encomendas tecnológicas da ordem de R$ 300 milhões que geraram empregos e vão gerar mais empregos e renda dentro do Brasil. Vale dizer que nesta fala, o presidente fez uma alusão aos avanços do empresário Elon Musk no setor aeroespacial: “Os devaneios de bilionários que preferem colonizar Marte a cuidar da Terra não substituem a ação e a orientação do Estado”, disse Lula.
Por sua vez, Boric explicou que o CNE será inaugurado no segundo semestre de 2025 e servirá para criar satélites chilenos, além de processar a informação que obtiveram do espaço e criar talentos para seguir desenvolvendo conhecimento nestas áreas: “Com este memorando, nós procuramos aprofundar o nosso intercâmbio nas atividades espaciais e, assim, promover a investigação conjunta sobre o nosso planeta e as mudanças que atravessa”, concluiu o presidente do Chile.
Lula, IA e NIB
Na segunda-feira, 5, Lula afirmou à imprensa que conversou com Boric sobre a necessidade de “construir capacidades e regular a inteligência artificial” para que “todos tenham acesso a seus benefícios e possam mitigar seus riscos”. Chile e Brasil apresentaram movimentos similares de avanço para o desenvolvimento da IA, mas dispersos:
- O governo chileno revelou planos para estabelecer o seu primeiro centro de computação de IA;
- E o brasileiro apresentou a Política Brasileira de Inteligência Artificial (PBIA) com a proposta de criar supercomputador e grandes modelos de linguagem (LLM) nacionais.
E durante o Fórum Empresarial Brasil-Chile afirmou que apesar de terem as commodities como destaque em ambas as economias, Chile e Brasil não vão se desenvolver sem “agregar tecnologia e valor à produção e sem diversificar a pauta comercial” e que por isso associar “a riqueza mineral a sólidos investimentos em ciência, tecnologia e inovação será central para uma transição justa”. Deu como exemplo, o lítio chileno que representa 40% das reservas globais do mundo e minerais raros brasileiros, como nióbio e cobalto.
Ainda convidou os empresários chilenos a participarem do Nova Indústria Brasil (NIB): “A nova política industrial brasileira vai aumentar a complementaridade com vizinhos sul-americanos e tornar as cadeias de produção regional mais densas e resilientes”, disse Lula.
Vale dizer, o encontro entre Lula e Boric teve mais de 19 acordos bilaterais assinados entre os dois países. Entre eles ainda se destaca o reconhecimento recíproco de titulares de carteiras nacionais de habilitação do Chile e do Brasil (como a CNH) para que possam conduzir veículos no outro país. E o Fórum teve o anúncio de um investimento de R$ 82 bilhões pelos empresários nos dois países.
Imagem principal: Lula, Boric e ministros dos dois países instalando a pedra fundamental da CNE (divulgação: Gobierno de Chile)