A TV 3.0 tem previsão para ser implementada no Brasil gradualmente ainda este ano e seu lançamento oficial está para acontecer em 2026. Apesar de vislumbrar datas de intensificação dos testes e de lançamento, não há previsão para recepção broadband da nova televisão aberta em dispositivos móveis. Para que ela se torne uma realidade, é preciso construir um ecossistema envolvendo as emissoras de radiodifusão, os fabricantes de celulares e as operadoras de telecomunicações. É o que acredita Raymundo Barros, diretor executivo de tecnologia da Globo e presidente do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD), durante demonstração da TV 3.0 para jornalistas nesta terça-feira, 6, no Rio de Janeiro.
“Não é uma questão de tecnologia. Hoje, a recepção em dispositivo móvel depende da construção de um ecossistema, que compreende em fabricantes dos devices, o radiodifusor e a tecnologia que ele quiser adotar, o broadcast direct to mobile como a gente chama, e as operadoras de telecom que são os principais stakeholders. Sem que todos os players enxerguem uma real oportunidade, isso não vai andar”, afirmou.
O executivo explicou que, dependendo do sistema adotado, será necessário que os fabricantes insiram um novo chip nos dispositivos móveis para que seja possível realizar a recepção broadband. Ou, uma outra solução, apontada pelo executivo, que não exige essa mudança – e que ocasionaria em um aumento do preço dos aparelhos – é o 5G Broadband.
Caso da Índia
A adoção do padrão 5G Broadcast é apoiada pelo 3GPP e sugerida para que a Índia, com sua população de quase 1,5 bilhão de pessoas, a utilize, o que pode incentivar seu uso no resto do mundo. Vale dizer que naquele país existe uma premissa de que sua regulação estabeleça seu principal atributo de TV 3.0 o “direct-to-mobile”, ou a recepção da televisão diretamente no dispositivo móvel – já que, de acordo com Barros, na Índia, a audiência da TV aberta é quatro vezes maior no celular do que na televisão.
“O 3GPP, no seu último release, o 18, tem toda a especificação para o que eles chamam de 5G Broadcast, um padrão de TV aberta ‘high power high tower’ que significa uma única torre ou poucas torres na cidade que transmite um sinal de televisão broadcast, de forma aberta, gratuita, para a cidade inteira. Não é necessário ter um SIMCard para receber o sinal”, explicou.
A questão da transmissão da TV aberta por meio de celulares está no fato de que um outro padrão implicaria na inserção de um chip nos dispositivos, fazendo-o encarecer e criaria uma dependência dos fabricantes fabricarem esses aparelhos com este incremento.
Esta é uma questão na Índia, que deixaria os dispositivos mais caros, mas também nos Estados Unidos, segundo Barros, uma vez que existe uma questão por lá também por conta da dependência de fabricantes de dispositivos
5G Broadcast só para o mobile
“O 5G Broadcast não tem capacidade de prover as experiências que a gente precisa prover as experiências que a gente precisa para tela grande. Ele foi concebido para a mobilidade. O que se espera é que as decisões tomadas na Índia criem a escala para o que vai acontecer no mundo. Se a Índia adotar o padrão ATSC 3.0 (padrão adotado nos Estados Unidos), minha opinião é que todo e qualquer fabricante que quiser ser um player no mercado indiano vai adotar isso, e se adotou ali, vai adotar para o resto do mundo”, avaliou.
O executivo, no entanto, aposta que o Brasil deve separar as discussões de radiodifusão para o ambiente fixo e para o mobile. “O 5G Broadcast tem no seu DNA a facilidade de tornar os celulares vendidos aos milhões todo o ano, nesse release 18, serão capazes de receber de forma natural. E só fará sentido, ainda com escala, se nós formos capazes – radiodifusores, fabricantes de smartphones e operadoras –, de encontrarmos modelos de negócio convergente”, resumiu.