Um dos principais objetivos do BNDES em sua nova gestão, agora sob o comando de Joaquim Levy, empossado nesta semana, será o fomento a empresas de porte médio, perfil no qual se encaixam várias companhias nacionais do setor de tecnologia.
“Não há país com livre iniciativa forte que não tenha empresas médias fortes. Historicamente, uma vulnerabilidade do Brasil é não ter um setor de empresas médias fortes e com capacidade de crescer, criar empregos, desenvolver e incorporar novas tecnologias”, disse Levy após assumir o cargo, em cerimônia nesta terça-feira, 8, na sede do BNDES, no Rio de Janeiro.
Para fomentar as empresas de médio porte, Levy reconhece que será preciso aprimorar os instrumentos de controle do banco, pois os riscos assumidos serão maiores. Ele entende ainda que o cenário econômico é favorável a essa estratégia de privilegiar as companhias médias. “A política monetária hoje é favorável e muitos problemas foram resolvidos. A oferta cresce, atendendo a demanda sem aumento de preços, o que torna possível a democratização do crédito, para que as médias cresçam. E esse crescimento tem papel importante no fortalecimento da nossa iniciativa privada e na democratização da nossa economia”, avalia o presidente do BNDES.
Transformação digital no setor público
Na gestão anterior do banco houve iniciativas importantes de fomento ao setor de tecnologia e inovação, como o apoio à elaboração do Plano Nacional de Internet das Coisas (PNIoT) e a criação de um programa de aceleração de startups. Questionado por Mobile Time, Levy garantiu que o setor de tecnologia e inovação continuará sendo uma prioridade para o BNDES.
“Teremos uma retomada cíclica e estrutural (da economia brasileira). Novos setores vão aflorar”, previu. “A demanda por coisas imateriais é muito mais ampla que por coisas materiais, mesmo em países com grandes deficiências por bens concretos e serviços básicos”, acrescentou.
Levy citou também a necessidade de transformação digital no setor público: “Financiar tecnologia e inovação é fundamental. Criar ambientes que facilitem a inovação no setor público e construir novos processos e novas maneiras de atender o setor público é importante para enfrentar até mesmo a crise fiscal. As demandas vão aumentar, a demografia (do País) está mudando, com muita gente se aposentando… Temos a oportunidade de repensar como o governo proporciona serviços. Tem muita gente no Brasil que sabe desenvolver isso”, comentou.
5G
É esperado que os leilões de frequências para o 5G sejam realizados pelo novo governo federal ao longo dos próximos anos. Essa nova tecnologia demandará a instalação de muito mais antenas do que nas gerações anteriores de telefonia móvel, em razão da utilização de frequências mais altas, cuja cobertura é menor. Levy, contudo, preferiu não responder se o BNDES vai financiar a implementação das novas redes 5G. Disse que é melhor esperar um posicionamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).