O Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo determinou em ofício que a Meta explique se as novas regras de checagem de fatos e de desinformação que começaram a ser aplicadas nos Estados Unidos também chegarão ao Brasil. O documento foi enviado na tarde desta quarta-feira, 8, e a empresa tem 30 dias úteis para responder aos procuradores. A notícia causou preocupação entre especialistas e governo.

O MPF também pediu para que a holding de Facebook, Instagram e WhatsApp, detalhe as medidas – caso sejam implementadas no País.

Além de pedir a confirmação de que as mudanças serão implementadas no País, o MPF quer saber quando elas serão implementadas, pede que a Meta detalhe sobre as mudanças a serem realizadas no País e quando o rompimento com as agências de checagens deverá acontecer.

O documento também pede as seguintes informações:

– quantas agências de checagem deixarão de trabalhar;

– quais as violações praticadas nas redes sociais serão consideradas pelos responsáveis como “violações ilegais” e “violações graves” e quais serão consideradas como de “baixa gravidade”;

– quais restrições em temas como imigração e gênero serão eliminadas. O MPF pede ainda esclarecimentos sobre o impacto de tais mudanças para a política de moderação.

A partir das respostas, o Ministério Público vai avaliar como a Meta atuará no País, uma vez que algumas dessas medidas podem ir contra a legislação brasileira.

Vale lembrar que o MPF abriu inquérito em 2021, em plena pandemia, para tratar sobre a desinformação envolvendo vacinas e outras questões relacionadas à Covid-19. Neste caso, o inquérito era amplo, e voltado para outras plataformas e redes sociais – como TikTok, Twitter, WhatsApp e YouTube.

À época, a Meta respondeu sobre como trataria fake news – no caso, com a checagem de fatos com agências de notícias e filtros. Com as mudanças anunciadas na última terça-feira, 7, o MPF questionou a holding se essas mudanças seriam aplicadas porque elas não estariam em conformidade com a legislação brasileira (incluindo o Marco Civil da Internet).

Novo ministro da Secom comenta sobre caso Meta

O novo ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira, também se manifestou nesta quarta-feira, 8, e pediu que o País avance na regulação das plataformas digitais.

“É ruim para a democracia. Porque não vai ao controle da proliferação do ódio, da desinformação, da fake news. Esse que é o problema e a gente precisa de controle.  É preciso ter uma regulamentação das redes sociais. Isso está acontecendo na Europa. Por que os EUA querem banir o TikTok? Por que a China barra isso (redes sociais norte-americanas)? Por que a gente fica exposto a tudo isso? Essa é a pergunta”, questionou Palmeira, em entrevista coletiva em Brasília.

STF

Durante cerimônia que marca os dois anos dos ataques golpistas de 8 de janeiro, o ministro Alexandre de Moraes disse que no Brasil, a Justiça Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal mostraram que o País tem lei. “As redes sociais não são terra sem lei. No Brasil, só continuarão a operar se respeitarem a legislação brasileira, independentemente de bravatas de dirigentes irresponsáveis das big techs”.

Artigo 19 do MCI

No fim de 2024, o STF começou o julgamento da constitucionalidade ou não do artigo 19 do Marco Civil da Internet. Atualmente, o texto diz que as plataformas digitais só podem retirar conteúdo depois de decisões judiciais.

Já com três votos proferidos, o julgamento deverá ser retomado depois das férias do judiciário.

Até então, Dias Toffoli votou pela inconstitucionalidade do artigo 19 e propôs que houvesse ampliação do artigo 21 do MCI – que responsabiliza as plataformas em casos de conteúdos de nudez e sexual – para outros casos. Luiz Fux também votou pela inconstitucionalidade, defendeu que a responsabilização não pode ocorrer somente após descumprimento de decisão judicial e pediu a remoção imediata do conteúdo ilegal.

Já Luís Roberto Barroso optou pelo meio do caminho, ou a inconstitucionalidade parcial do artigo 19. O julgamento foi interrompido novamente porque o ministro André Mendonça pediu vista.

Mesmo com a interrupção, o presidente do STF, Barroso, disse que gostaria de avançar com o julgamento “o mais rápido possível”.

 

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