Mais recente mídia social queridinha de empreendedores, influenciadores e executivos, a Clubhouse (iOS) foi bloqueada na China no início da noite desta segunda-feira, 8. Milhares de usuários chineses impedidos de usar o aplicativo correram para grupos do WeChat para relatar a situação e tentar encontrar uma solução para voltar. Aparentemente, o app foi bloqueado pelo chamado “Grande Firewall” do estado.
Em vez de fotos ou texto, o Clubhouse usa o áudio. No ambiente do app, há uma série de salas com assuntos diferentes e as pessoas podem entrar, ouvir e conversar. Para falar, é preciso levantar a mão e os administradores da sala podem ou não ceder a vez. Ou, caso interesse, o usuário pode abrir sua própria sala e esperar as pessoas aparecerem para conversar sobre qualquer tema. O app atraiu comparações com o Snap, por seu crescimento inicial explosivo, e o LinkedIn, por seu público profissional. Há quem diga que é o novo rádio, ou um “podcast ao vivo”. As conversas no aplicativo são efêmeras e não deixam rastros públicos depois de concluídas.
Não é de se estranhar o bloqueio da nova mídia social na China. Vale lembrar que o país já proibiu Twitter, Facebook, Instagram, Pinterest, Snapchat, Tinder, Badoo, entre tantas outras. Sem contar com os apps de mensageria WhatsApp, Messenger, Telegram, Slack e Signal, por exemplo.
Segundo o site Tech Crunch, como o Clubhouse não estava listado na App Store chinesa, não está claro quantas pessoas da China continental estavam na plataforma. Enquanto a mídia social estava ativa naquele país, ela hospedava tópicos polêmicos e censurados por lá. Havia, por exemplo, uma sala de discussão sobre o protesto pró-democracia de Tiananmen, de 1989. O espaço atingiu o número máximo de 5 mil participantes antes da proibição do app. Outra sala focada no mesmo tópico atraiu mais de 2 mil usuários.
Repórteres da rede britânica BBC encontraram discussões entre chineses e taiwaneses sobre Taiwan, além de temas como prós e contras da democracia; políticas polêmicas em Hong Kong e em relação ao grupo étnico uigur no oeste da China.
Menina dos olhos
Clubhouse ganhou notoriedade na China nas últimas semanas e no Brasil não foi diferente – já virou febre entre os sedentos por uma novidade no universo das mídias sociais. Lançado em abril de 2020, o app funcionava, até então, discretamente. No momento, está disponível somente em dispositivos iOS e exclusivamente para convidados. Uma vez lá dentro, as pessoas conversam por meio de áudios, ao vivo, e em salas sobre diferentes assuntos. A mídia conta com 2 milhões de usuários ativos mensais (MAUs).
Desde janeiro, a mídia social que usa áudios ao vivo no lugar de textos e fotos, cresceu exponencialmente em todo o mundo, em especial quando milhares de pessoas ouviram uma discussão entre Elon Musk e o CEO do app Robinhood, Vlad Tenev, sobre a polêmica decisão do aplicativo de corretagem de limitar a negociação de GameStop e outras ações populares à época. A conversa atraiu tanta atenção que alguns usuários fizeram um streaming no YouTube depois de a sala ficar lotada. O evento fez o app se espalhar pelo Vale do Silício e outros rincões da tecnologia.
Como se não bastasse, na semana passada, até o concorrente Mark Zuckerberg apareceu no app para bater um papo.
VIP
Ainda funcionando em beta-privado, o modelo de “clube seleto” acaba gerando ansiedade entre as pessoas que querem entrar para o grupo VIP. Não à toa, convites começaram a ser leiloados na China por até US$ 78. Em uma busca rápida pela Internet, vimos um convite por US$ 125 no eBay.
Ainda em janeiro, o Clubhouse recebeu um aporte de US$ 100 milhões liderado pela venture capital Andreessen Horowitz. Com isso, a avaliação do aplicativo ficou em US$ 1 bilhão, segundo a Axios.
Lado negativo
O Clubhouse tem enfrentado críticas nos Estados Unidos por sua falta de moderação efetiva e práticas de prevenção contra possíveis abusos. A queridinha do momento, com seus 10 funcionários, não dá conta de controlar todas as conversas e já circularam pela rede discussões antissemitas, por exemplo.
A concorrência
Em dezembro, o Twitter lançou o Spaces, experimento que foca no uso da voz. Restrito a um grupo fechado, a ferramenta inclui controle sobre quem pode falar; recursos semelhantes a gestos das mãos; versão inicial de transcrição ao vivo; relatórios e bloqueios, se necessário; e compartilhamento de tuites no Spaces.