A receita impulsionada a partir do 5G deverá ser da ordem de US$ 25,5 bilhões entre 2022 e 2025 no Brasil. As informações foram apresentadas pela IDC Brasil em conversa online feita com jornalistas do setor nesta terça-feira, 8.
De acordo com Luciano Saboia, gerente de pesquisa e consultoria de telecomunicações da empresa, as redes privadas 5G serão o principal vetor no segmento de empresas (B2B), em especial com o avanço da Internet das Coisas. Mas para o consumidor final (B2C) será preciso que as operadoras façam um trabalho para demonstrar os benefícios da rede: “No B2C, há o desafio de explorar casos de uso que alavanquem o 5G e tragam novas receitas para as operadoras. A velocidade não pode ser o motivador principal”, disse o executivo.
Apesar do avanço do 5G, a IDC estima que o mercado de telecom crescerá apenas 4% em 2022, pois ainda há outros encargos, como os custos com as redes fixas. De acordo com Luciano Ramos, gerente de pesquisa e consultoria de enterprise da IDC Brasil, o avanço financeiro com a quinta geração ocorrerá a partir do segundo semestre.
IoT e uso de dados
Na indústria nacional de TIC, a IDC indica que outras categorias podem subir puxadas por telecomunicações no Brasil. É o caso de Internet das Coisas e da análise de dados por meio de inteligência artificial e machine learning.
Em IA, a companhia estima que o mercado de soluções, software e serviços terá US$ 3 bilhões em serviços para big data e analytics, alta de 11%. Em IA e ML, em 2022, o crescimento será de 28%, com US$ 504 milhões neste ano. Segundo Ramos, esse movimento será impulsionado por 5G e edge computing.
“As empresas estimam, na média, que 27% das receitas virão de produtos ou serviços habilitados digitalmente. Mas muitas empresas ainda carecem de uma cultura de dados. Do lado de tecnologia, no endpoint, core ou edge, essa gestão de dados será importante”, afirmou o gerente.
Por sua vez, em IoT, espera-se US$ 1,6 bilhão em investimentos, 17,6% de aumento ante 2021 no Brasil. Os setores de manufatura, mineração, óleo, gás, varejo e utilities liderarão os investimentos. Sobre a possibilidade desses players que investem em IoT serem os mesmos que investirão em 5G privada, Saboia não vê tanta correlação.
“Não dá para dizer que o líder do IoT será o líder do 5G privado. Hoje, nós vemos implementações IoT sem uma rede privada exclusiva para fazer isso acontecer. A IDC mapeia mais de 40 casos de uso de IoT, bem diversos. Podemos ter muitas implementações de IoT sem dependência de rede privada ou 5G”, explicou. “Existe LoRa, Sigflox, Nb-IoT, assim como existe a possibilidade do 5G em networking slicing. Ou seja, há um leque de opções para deslanchar projetos de IoT. No primeiro momento, nós não vamos ter predomínio das redes privadas de 5G”, completou.
Dispositivos
Em outra seara da análise, Reinaldo Sakis, gerente de pesquisa e consultoria de consumer devices da companhia, explica que o Brasil ainda pode sofrer com o problema da crise global de supply chain e da falta de semicondutores. Neste cenário, a perspectiva de mercado para o segmento de devices (notebooks, smartphones, tablets, wearables, por exemplo) é de 2% de crescimento em unidades e 12,6% em valor, alcançando US$ 23 bilhões.
“Globalmente a IDC aponta que o final deste ano estará estabilizado. Nós vimos investimentos em fábricas de semicondutores de 10 nanômetros (nm). No Brasil, ainda podemos sentir o impacto. Isso porque 35% dos componentes dentro dos smartphones são de 10 nm”, disse. “Na cadeia de dispositivos poderá haver alguns impactos. Pode ser atraso e aumento de custos em 2022. Veremos alguns negócios, em termos de volume, mas serão em fases, pois haverá dificuldades de ter componentes em grandes volumes”, completou.
Ainda em dispositivos, Sakis acredita que pode haver um crescimento do mercado de dispositivos vestíveis para o B2B, em especial relógios inteligentes por parte de seguradoras e operadoras de plano de saúde: “Antes era só B2C, venda por meio do varejo. Agora há a perspectiva de um volume elevado sendo vendido no B2B. Esperamos parcerias com firmas de seguro de saúde”, disse.
“O mercado segue concentrado no B2C e estará com alta de preços, mas melhorará na qualidade dos dispositivos. Teremos crescimento de 16% em unidades e 17% em valor”, completou.