Se no ano passado as perguntas sobre a monetização do 5G estavam em maior evidência no Mobile World Congress (MWC24), a edição de 2024 apontou mais caminhos e respostas para a rede de quinta geração móvel. Para Rodrigo Dienstmann, presidente da Ericsson América do Sul, se em 2023, o ceticismo prevaleceu, neste ano venceu o foco na monetização desses investimentos, lançamento de casos concretos de operadoras que estão conseguindo ver o retorno. E, não à toa, a rede de quinta geração móvel está em alta no País. Esta avaliação também foi percebida pelo editor do Mobile Time, Fernando Paiva, durante sua cobertura ao evento de Barcelona.

“O foco (do MWC24) foi na monetização dos investimentos, lançamentos de casos concretos, casos reais de operadoras que estão aderindo a esta visão. E que visão é essa?”, questionou. “É um mundo no qual as redes deixam de ser homogêneas, no sentido de ser uma rede para todo o mundo, e passam a ser redes diferenciadas, ou seja, numa mesma rede você tem níveis de serviço diferenciados para cada caso de uso. E ela passa a ser uma rede programável. E essa flexibilidade é que permite a criação desses módulos e serviços que seduzem e dão perspectiva para a indústria e para o consumidor com novos serviços”, respondeu o executivo em conversa com a imprensa especializada nesta sexta-feira, 8.

Vale dizer que a programabilidade são as APIs. Ou seja, as APIs são fundamentais para a construção de casos de uso porque elas vão “expor” a rede para empresas – sejam elas entrantes ou enterprises – que vão criar novos serviços ou funcionalidades.

“Cito, por exemplo, o SIM Swap, desenvolvido no Open Gateway. É possível saber quando o assinante fez a troca de seu SIMCard” exemplifica.

5G no Brasil

Para o executivo, o 5G ainda não sofreu desaceleração de investimento por conta do formato do leilão de 5G – que priorizou os investimentos em rede no lugar de venda forte do espectro. Há ainda o fato de que as operadoras preferem investir na rede móvel de quinta geração no lugar do 4G. “Se elas (operadoras) puderem evitar investir no 4G, elas vão evitar”, disse.

Mesmo assim, o LTE ainda é uma tecnologia primordial e ainda a principal do País. E Dienstmann ressaltou que a quantidade de smartphones 4G ainda é expressiva e são majoritários.

“O 5G está crescendo fortemente em adoção e com as redes sendo implantadas. Fechamos o ano com 20 milhões de usuários da rede 5G no Brasil, o que representa cerca de 70% de toda a América Latina – que somou 28 milhões de acessos. E a perspectiva daqui para frente é que os investimentos continuem, mas sigam a tendência de criar os novos modelos de negócios, combinando redes diferenciadas e programáveis e expostas a desenvolvedores de aplicações e modelos de negócios”, disse.

O executivo da Ericsson comparou o andamento do 5G com a região da América do Norte. Por lá, os investimentos estão em declínio, uma vez que começaram antes e os investimentos mais pesados já ocorreram. Em compensação, para as fornecedoras de tecnologia, países emergentes estão iniciando ou em evolução deste processo. É o caso do Brasil, que ainda necessita de investimentos, mas também da Índia e outros países da América do Sul, que ou realizaram há pouco o leilão ou estão em fase de implementação da rede.

Case

Dienstmann conta que a Ericsson apresentou em seu estande um caso de fatiamento de rede para transmissão ao vivo de vídeo. No caso, em parceria com a Deutsche Telekom, um jornalista, por exemplo, pode comprar por 200 euros uma hora de broadcasting. “Ou seja, a pessoa compra através de uma API a capacidade para fazer um broadcast de vídeo em uma esquina. Isso é feito com slicing e tem o direito de fazer uma transmissão privilegiada”, explicou.

Dienstmann conta ainda que a tecnologia permite que a infraestrutura seja cada vez mais sustentável e eficiente, impulsionada por inteligência artificial, é uma rede aberta – ou seja, aderiu à visão OpenRAN e CloudRAN.

Como exemplo de que o jogo realmente mudou, o presidente conta que o próprio estande da Ericsson – que normalmente foca em tecnologia, neste ano era 50% tecnologia e 50% casos de uso, mostrando como aquela tecnologia pode resolver problemas concretos de operadoras e de seus clientes finais, desenvolvedores de aplicações, médias e grandes empresas que consomem telecom e os governos também.

 

 

 

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