VaiMoto é um serviço para contratação de motofrete que nasceu na web em outubro do ano passado, inicialmente disponível apenas em São Paulo. Este ano, ganhou um app para iOS e na semana passada foi lançado comercialmente no Rio de Janeiro. Agora, prepara uma versão para Android, com lançamento previsto para junho, e outra para Windows Phone. A expectativa é de que dentro de seis meses 20% dos pedidos de motofrete do serviço sejam provenientes dos aplicativos móveis.
O VaiMoto se inspirou no sucesso dos apps de táxi, revela Daniel Muniz, CEO da start-up homônima. "Estudamos quais segmentos teriam aderência a uma proposta semelhante e aí surgiu o VaiMoto. Hoje entendemos que se trata de um negócio muito maior que o de taxi, pois trata-se de logística urbana. O táxi se limita a transporte de passageiros, enquanto o nosso negócio transporta mercadorias em geral. É mais complexo e mais difícil de escalonar", comenta o executivo.
O VaiMoto conta com quase 3 mil motofretistas cadastrados em São Paulo, e uma média de 1,5 mil disponíveis por dia. No Rio de Janeiro, a operação por enquanto é mais enxuta, em caráter de teste, com cerca de 300 motoboys. "Há premissas que precisamos validar. Se der certo no Rio, olharemos outras praças, como Campinas e Santos. Não temos pressa. Queremos uma operação redonda, saudável e escalonável", explica Muniz. Cabe lembrar que os motofretistas não são funcionários da VaiMoto: a empresa apenas fornece uma plataforma tecnológica para intermediar os pedidos dos clientes e a frota de motoboys independentes.
O cliente interessado em contratar o serviço deve entrar no site ou no app e informar o tamanho da encomenda (pequena, média ou grande), os endereços de coleta e de entrega, e se é uma viagem de ida ou de ida e volta (no caso de necessidade de receber algum comprovante). O sistema então envia o pedido para os motofretistas próximos ao endereço de coleta, via mensagem push que os motoboys recebem em um app Android do VaiMoto. Nessa primeira mensagem, o sistema informa apenas os bairros de entrega e coleta, a distância e o tempo estimado. Os motofretistas interessados devem responder com uma proposta de preço. O cliente então recebe a lista daqueles que topam a entrega e pode escolher o seu preferido de acordo com o preço, a distância e o ranking (os clientes dão notas para os motofretistas a cada entrega). É possível também ver quantas entregas cada motofretista já fez.
O VaiMoto recomenda que os motoboys cobrem entre R$ 1,80 e R$ 2,50 por quilômetro. Os preços propostos podem variar muito em cada entrega. Muniz relata já ter visto um pedido cujas ofertas variavam de R$ 15 a R$ 65, por exemplo. Entretanto, em menos de 3% das vezes o cliente escolhe o menor preço. Na prática, as outras variáveis pesam mais, como o ranking e a distância do motofretista. O serviço tem recebido entre 300 e 350 solicitações por dia e esse número deve subir para 500 ao longo deste mês, com a entrada em operação no Rio. O VaiMoto cobra do motofretista R$ 1,99 por entrega realizada.
Embora boa parte dos solicitantes do serviço estejam em escritórios sentados na frente de um computador, Muniz afirma que há demanda por parte de profissionais liberais em movimento, como produtores de evento e arquitetos. Estes são o principal público-alvo da versão móvel.
Fidelização
Entre os investidores do VaiMoto há uma empresa de importação de equipamentos para motociclistas, que aproveitou seu bom relacionamento no mercado para divulgar a novidade. Houve também marketing corpo a corpo nas ruas. E hoje o boca a boca está ajudando. Muniz relata que o fato de os motoboys conhecerem os apps de táxi facilitou a adesão ao VaiMoto. Além disso, ele conta que a maioria dos motoqueiros são apaixonados por tecnologia e muitos já tinham smartphones. "Todos eles usam WhatsApp, por exemplo. Ninguém manda SMS para o nosso canal de atendimento, somente WhatsApp", relata.
Os motoboys convivem com muitos períodos de ócio ao longo do dia, o que contribuiu para gerar interesse pelo serviço. "Notamos que há uma ociosidade grande no mercado. Há muitos profissionais sentados em cima da moto, aguardando trabalho. A mensagem que mandamos apita e treme o celular. O motofretista responde se quiser. Recomendamos que só responda se estiver parado", explica. O motociclista deve marcar no app que está disponível para receber pedidos, caso contrário, não recebe as solicitações.
Canibalização
Muniz não acredita que o mercado de motofrete enfrentará a mesma canibalização que ocorre nos apps de táxi, onde os players decidiram parar de cobrar a tarifa por corrida, como forma de atrair os taxistas. "Não vejo isso acontecendo conosco porque se trata de um mercado muito maior. Há diferentes tipos de entrega. Tem entrega farmacêutica, entrega de comida etc", compara.
O VaiMoto já passou por uma rodada de investimentos na qual recebeu R$ 2 milhões e agora planeja uma segunda em abril.