O agora ex-ministro das Comunicações, Juscelino Filho, divulgou uma carta aberta no início da noite desta terça-feira, 8, comentando a demissão e negando as acusações de desvio de emendas, que motivaram denúncia formulada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal, que repercutiu nesta manhã e culminou em sua decisão.

Na carta, Juscelino afirma que a demissão foi uma decisão própria, “por acreditar que, neste momento, o mais importante é proteger o projeto de país” e “também é um gesto de respeito ao governo”.

Com a saída do ministério, ele afirma que retomará o cargo de deputado federal pelo Maranhão, o qual foi eleito pelo União Brasil.

Denúncia

As suspeitas sobre Juscelino vêm sendo divulgadas desde os primeiros meses de mandato, em 2023. A acusação aponta que, enquanto  deputado federal, ele teria recebido pelo menos R$ 50 milhões em emendas oriundas do chamado orçamento secreto. Deste valor, teria encaminhado R$ 16 milhões para Vitorino Freire, município do Maranhão gerido por sua irmã e que tem seus familiares se revezando no poder há mais de 50 anos.

As suspeitas divulgadas nos últimos anos diziam ainda que o parlamentar teria usado o recurso público para asfaltar via próxima a um imóvel de sua propriedade.

As mais recentes publicações, confirmadas pela Agência Brasil, apontam que relatório da Controladoria-Geral da União identificou uma possível empresa de fachada contratada para as obras de pavimentação.

Carta aberta

Na carta, ele diz que as acusações são “infundadas” e afirma que “a justiça virá”. Leia a íntegra:

“Hoje tomei uma das decisões mais difíceis da minha trajetória pública. Solicitei ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva meu desligamento do cargo de ministro das Comunicações. Não o fiz por falta de compromisso, muito pelo contrário. Saio por acreditar que, neste momento, o mais importante é proteger o projeto de país que ajudamos a construir e em que sigo acreditando.

Nos últimos dois anos e quatro meses, vivi a missão mais desafiadora — e, ao mesmo tempo, mais bonita — da minha vida pública: ajudar a conectar os brasileiros e unir o Brasil. Trabalhar por um país onde a inclusão digital não seja privilégio, mas direito. Levar internet onde antes só havia isolamento. Criar oportunidades onde só havia ausência do Estado.

Tive o apoio incondicional do presidente Lula. Um líder a quem admiro profundamente e que sempre me garantiu liberdade e respaldo para trabalhar com autonomia e coragem. Nunca tive apego ao cargo, mas sempre tive paixão pela possibilidade de transformar a vida das pessoas — especialmente das que mais precisam.

A decisão de sair agora também é um gesto de respeito ao governo e ao povo brasileiro. Preciso me dedicar à minha defesa, com serenidade e firmeza, porque sei que a verdade há de prevalecer. As acusações que me atingem são infundadas, e confio plenamente nas instituições do nosso país, especialmente no Supremo Tribunal Federal, para que isso fique claro. A justiça virá!

Retomarei meu mandato de deputado federal pelo Maranhão, de onde seguirei lutando pelo Brasil. Com o mesmo compromisso, a mesma energia e ainda mais fé.

Saio do Ministério com a cabeça erguida e o sentimento de dever cumprido. O Brasil está em outro patamar. Estamos levando banda larga a 138 mil escolas, destravamos o Fust – que estava parado há mais de duas décadas – para investimento de mais de R$ 3 bilhões em projetos de inclusão digital, entregamos mais de 56 mil computadores em comunidades carentes, estamos conectando a Amazônia com 12 mil km de fibra óptica submersa e deixamos pronta a TV 3.0, que vai revolucionar a televisão aberta no país.

É esse legado que deixo. E é com ele que sigo, de pé, lutando por justiça, pela democracia e pelo povo brasileiro.

Meu agradecimento a toda a minha equipe, ao presidente Lula, mais uma vez, ao meu partido União Brasil e, em especial, ao povo do Maranhão que me escolheu para ser seu representante na vida pública. Me orgulha muito ser maranhense e poder ter contribuído com meu Estado e meu País.

Juscelino Filho”

 

Imagem principal: ministro Juscelino Filho. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

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