O ICQ, um dos primeiros serviços de comunicação instantânea na Internet e que fazia sucesso na virada do século, ganhou uma nova versão do seu aplicativo móvel para Android e iOS. Devidamente traduzido para português, o app procura servir como uma alternativa ao WhatsApp: oferece mensagens instantâneas privadas e em grupo, além de chamadas de voz e de vídeo. Entre as vantagens sobre o WhatsApp estão a possibilidade de enviar quaisquer arquivos no chat e a pesquisa de imagens na Internet por dentro do app, para facilitar o anexo no bate-papo. Além disso, o novo ICQ para smartphone se propõe a entregar mensagens para quaisquer contatos na agenda do usuário, mesmo aqueles que ainda não instalaram o ICQ. O problema é que, para isso, o ICQ está usando um broker não homologado de mensagens de texto, serviço que geralmente usa "chipeiras" e que é chamado no mercado brasileiro de "SMS pirata".

Tanto a entrega de mensagens para quem não tem ICQ quanto a validação do número telefônico do usuário estão sendo realizadas por meio de SMS pirata, como mostra a imagem abaixo. Os brokers homologados usam números curtos especiais, com quatro ou cinco dígitos. Quando o remetente é um número telefônico completo, com DDD seguido de nove ou oito dígitos, é porque o serviço está usando SIMcards comuns para o envio das mensagens, o que fere o contrato com as operadoras celulares e não têm garantia de entrega. Mesmo se tratando de SMS pirata, que é bem mais barato que a contratação do serviço de um broker homologado, há um custo. Embora o ICQ não informe em sua página, essa funcionalidade de entrega de mensagens para não usuários via SMS provavelmente será temporária.

O ICQ está sendo oferecido como um serviço gratuito. Sua monetização provavelmente virá da venda de adesivos dentro do app, os chamados "stickers", e talvez, no futuro, a comercialização de créditos para completar chamadas de voz na rede telefônica pública, como fazem hoje Skype e Viber. A existência de vendas por dentro do app é alertada na descrição do aplicativo, antes do download.

História

A chegada do novo app do ICQ está sendo repercutida esta semana nas redes sociais e blogs de tecnologia brasileiros como a "volta do ICQ". Em um rápido boca a boca, do dia para a noite, milhares de pessoas aderiram ao serviço no País. O ICQ, na verdade, nunca desapareceu por completo. Viveu, talvez, um longo período de hibernação, sem grande divulgação. Nem mesmo a versão móvel é exatamente uma novidade: desde 2010 já estava disponível para Java, por exemplo. A novidade é a sua atualização  para Android e iOS e a repentina campanha de divulgação no Brasil, incluindo a entrega de mensagens via SMS pirata.

Criado por israelenses, o ICQ fez muito sucesso na Internet no fim da década de 1990 e começo dos anos 2000 como um dos primeiros serviços de mensagens instantâneas e VoiP. Acabou perdendo força para o MSN, da Microsoft, em meados da década passada, ao mesmo tempo em que virou alvo de spammers e vírus, o que acelerou seu declínio. Foi vendido para a norte-americana AOL por cerca de US$ 400 milhões ainda no fim dos anos 1990 e depois repassado ao grupo Mail.RU, uma das maiores empresas de Internet da Rússia.

 

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