[Reportagem atualizada em 09/07/2020, às 10h30] Depois da notícia de que os canais do Partido dos Trabalhadores no WhatsApp foram bloqueados por suspeita de disparos de mensagens em massa, o Facebook removeu 35 contas da rede social, 14 páginas, um grupo e 38 contas do Instagram vinculadas a comportamentos não autênticos que estavam vinculados a funcionários do presidente Jair Bolsonaro e seus filhos.
De acordo com o jornal O Globo, as contas estão ligadas a funcionários dos gabinetes do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e dos deputados estaduais Alana Passos (PSL-RJ) e Anderson Moraes (PSL-RJ).
Os dados foram divulgados no Twitter da conta do Digital Forensic Research Lab (DRFLab), ligado ao Atlantic Council, coordenado pela pesquisadora Luiza Bandeira e em reportagem no site Medium. O time é especializado no combate à desinformação, fake news e violações de direitos humanos em ambientes on-line.
Facebook removed 35 Facebook accounts, 14 Pages, 1 Group, and 38 Instagram accounts linked to inauthentic behavior in ??Brazil that were found to be tied to employees of President @jairbolsonaro and his sons. https://t.co/1FV0SPB5WA
— Atlantic Council (@AtlanticCouncil) July 8, 2020
O DFRLab confirmou os links para Flávio Bolsonaro, mas descobriu que um membro da rede está conectado ao terceiro filho de Jair Bolsonaro, Carlos, e outro é empregado por Coronel Nishikawa, também deputado estadual do PSL. Os ativos removidos tinham um público combinado de mais de 2 milhões de contas.
Ao longo de sua campanha eleitoral de 2018, os rivais políticos de Jair Bolsonaro – incluindo ex-aliados e membros de seu governo – enfrentaram ataques e assédio online direcionados. Esses ataques não diminuíram quando Bolsonaro assumiu o cargo; mas receberam legitimidade institucional, segundo a reportagem do Medium.
A remoção de páginas no Brasil faz parte de uma ação maior do Facebook que, nesta quarta, também removeu dezenas de contas do Facebook e do Instagram e 77 páginas do Equador e Canadá por violar sua política contra interferência estrangeira em nome de uma entidade estrangeira ou governamental.
Em um comunicado, o diretor de cibersegurança do Facebook, Nathaniel Gleicher, explicou a ação:
“A maioria dessas redes que removemos hoje [quarta-feira, 8] mirava audiências domésticas em seus próprios países e estava ligada a entidades comerciais e pessoas associadas a campanhas políticas ou gabinetes de políticos com mandato. Temos descoberto e agido contra figuras políticas por comportamento inautêntico coordenado, e sabemos que elas continuarão tentando ocultar a origem de sua atividade. Campanhas domésticas como essas são particularmente desafiadoras ao ofuscar a linha entre o debate público saudável e a manipulação. Nossos times continuarão a procurar, remover e revelar campanhas coordenadas de manipulação. Mas sabemos que se trata de um desafio que vai além da nossa plataforma e nenhuma empresa pode enfrentar sozinha. Por isso, é importante que tenhamos discussões amplas na sociedade sobre quais são os limites aceitáveis no campo do debate político e o que podemos fazer para impedir que as pessoas os ultrapassem”.