O banco digital como porta de entrada para a população desbancarizada tem seus desafios. Durante o Mobishop, evento organizado por Mobile Time nesta terça-feira, 8, em São Paulo, a diretora responsável pelo iti, Lívia Chanes, do Itaú, chamou a atenção para a necessidade de um modelo de negócios lucrativo para empresas atraírem esse público.

“Os desbancarizados só serão relevantes (para as empresas) no dia que tiver modelo de negócios focados neles”, disse Chanes. “Os desbancarizados são a bola da vez. Hoje, a tecnologia nos permite montar os modelos com foco neles. No jogo tradicional, isso não para em pé”.

Por sua vez, Jefferson Honorato, diretor do Next, acredita que os bancos têm como papel prover soluções que auxiliem a população no acesso a serviços bancários. Como exemplo, citou o fato de o acesso ao app do Next não consumir franquia de dados dos seus correntistas.

“Dos 40 milhões de desbancarizados, 23 milhões têm entre 18 e 24 anos. É importante entender também que a realidade digital dentro dos grandes centros é uma e fora é outra”, afirmou Honorato. “Outro ponto é que precisamos desenvolver condições. Um exemplo que tivemos foi em uma conversa com a operadora, quando descobrimos que 40% da base não carrega o pré-pago há meses. Com isso, no Next, decidimos pagar a Internet para o cliente acessar o app”.

Barreiras

As dificuldades de uma grande organização em desenvolver essas soluções também foram debatidas no evento. De acordo com Paula Mazanék, diretora de negócios digitais do Banco do Brasil, há mais dificuldade em desenvolver ações digitais em instituições tradicionais do que em startups.

“Por sermos um incumbente, creio que será vitorioso quem conseguir migrar as fontes de receita e criar outras formas de monetizar com esse cliente. Falamos de foco de experiência e monetização no digital, mas isso vem no longo prazo”, explicou a executiva do BB. “Quando falamos em transformar, temos uma série de possibilidades para fazer isso, mas em um cenário trimestre a trimestre, com acionistas e diretoria, sempre é mais difícil.”

“Temos clientes que migraram para bancos digitais, mas agora esses bancos começam a nos procurar para usar nossa rede de autoatendimento. Isso mostra que não existem verdades absolutas em banco digital. Dizer que o cliente digital não precisa de um caixa eletrônico não é realidade”, completou Mazanék.

 

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