Os próximos passos do Open Gateway no Brasil serão o lançamento de novas APIs e o avanço para novas verticais. Executivos de Claro e Vivo confirmaram o lançamento de soluções antifraude e mensageria no arcabouço, além de conversas com redes sociais e startups para adotarem as soluções das operadoras.

Durante o  Futurecom 2024 nesta terça-feira, 8, Ageu Dantas, head de data analytics e messaging na Claro, revelou que a companhia deve lançar em breve uma API de scam signal, um serviço para antifraude que confere se um determinado número de telefone está em uma ligação e a outra parte não deixa a pessoa desligar o telefone.

Por sua vez, Leonardo Silva, head de big data e IA da Vivo, afirmou que a operadora trabalha em APIs de combate à fraude e uma API de mensageria. Atualmente a companhia tem três APIs em parceria com as outras operadoras, mas pretende lançar outras ainda neste ano.

“Vamos lançar mais três APIs: scam signal, com validação, período e quem originou a chamada; most frequent location, que auxilia na validação de localização a partir do comportamento do usuário; telco index, que usa variáveis do cliente da operadora para criar escore de consumo e de crédito”, detalhou.

Silva afirmou que a Vivo lançará mais sete APIs em 2025. Entre as empresas que conversam estão bancos, fintechs, redes sociais e empresas do varejo.

Evolução do Open Gateway

Dantas, da Claro, acredita que as APIs antifraude devem ganhar destaque no curto prazo, em especial com os bancos demandando essas soluções às operadoras. Mas no médio prazo vê o avanço para APIs que modulam redes para trazer melhorias em determinados cenários, como aplicações de inteligência artificial, carros autônomos e vídeo em 8K.

Mas o head da operadora acredita que ainda há desafios culturais, como os legados tecnológicos: “Essa barreira demora um tempo (a ser derrubada). Ainda estamos iniciando no momento das empresas quererem a tecnologia. A tendência é que as companhias também possam enxergar essa solução para o crescimento de suas próprias tecnologias”, disse o executivo, ao citar que o próprio app da Claro usa a API de number verification do Open Gateway para melhorar a experiência do usuário.

Pela Vivo, Silva explicou que as empresas que usam veem benefícios do ecossistema aberto, como melhoria da governança interna usando o modelo de APIs em arquiteturas com boas práticas, além de ter processos de previsibilidade de custos. Isso abre oportunidade para startups e empresas grandes que fazem consumo por departamento e rateio de custo por área de negócios e seus aplicativos.

Lado do cliente

Com um dos primeiros grandes casos de sucesso do Open Gateway, Augusto Nellsesen, superintendente de tecnologia do Itaú, relatou que estão usando duas APIs e testando outras três e que enxergam retorno sobre o investimento (ROI). Uma das APIs em testes é de qualidade de rede sob demanda (QoD) com priorização de tráfego que deu quatro vezes mais velocidade do que o acesso contínuo (sem QoD).

Porém, Nellessen afirmou que as APIs precisam estar mais padronizadas em todas as operadoras e, assim, evitar a quebra de jornada. Afirmou que nem todas as operadoras estão no mesmo ritmo, algo que os bancos demandam devido às suas aplicações e para uma boa entrega de experiência para o seu cliente.

O superintendente explicou ainda que espera uma mistura entre APIs do Itaú e das operadoras para ter melhores avaliações, como uma API que diga para o motor de risco que a pessoa que usa cartão de crédito está no local do celular.

“O futuro não é comentar casos de APIs, mas falar de mudança de jornada, usando uma, duas, três ou até 20 APIs. Aumentando a transação, o onboarding e fazendo com que a conversão do pagamento seja de forma transparente para o cliente”, disse. “É o que acontece com adquirência (Rede), que tem 1 milhão de máquinas, mais ou menos. É um negócio que depende da velocidade de transação. Garantindo mais cobertura e mais velocidade, a rede (das operadoras) ficará mais próxima da jornada do usuário e colocá-lo no centro”, completou.

Imagem principal: Participantes do painel de Open Gateway na Futurecom 2024 (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)