As redes de adquirência estão se mexendo para oferecer novos serviços de valor agregado (SVAs) a seus clientes e partir para um modelo que vai além dos pagamentos – no caso, as máquinas POS. Durante o painel dedicado às finanças no 5×5 TecSummit, evento promovido pelos sites Convergência Digital, Mobile Time, Telesíntese, Teletime e TI Inside, representantes de Getnet e Cielo comentaram sobre as estratégias de cada uma em expandir esta oferta. As duas focam em segmentação de públicos – microempresas, pequenas, médias e grandes – apostam em variedade de SVAs para estar presente em todos os momentos na jornada de pagamentos desses segmentos.
“O segredo é segmentar para entender as dores, o perfil e as necessidades do cliente”, resumiu Mayra Borges, vice-presidente de negócios da Getnet.
Assim, para o longtail, ou seja, pessoas físicas e microempreendedores, a Getnet está construindo uma série de serviços que passam, em primeiro lugar, pela bancarização e acesso a serviços básicos. Ou seja, o cliente adquire uma máquina de POS e ela permite acesso à conta bancária, um cartão, além de um ecossistema de pagamentos e recebimentos. “Temos, no Brasil, 25 milhões de microempreendedores e autônomos. Deles, 44% não possuem nenhum tipo de meio de pagamento. Só transacionam com dinheiro. Houve abertura de contas digitais desse público, mas ainda temos uma grande parte de pessoas no País que não têm acesso à conta corrente. Por isso, o portfólio de SVA que estamos construindo para pessoa física e longtail passa por uma oferta de banking e serviços financeiros”, explicou.
Outra frente de negócios que está em evolução na Getnet é a oferta de acesso ao crédito. Para isso, os dados são essenciais para se gerar modelos de score. “Temos aí uma baita oportunidade para a gente criar um ecossistema ‘ganha, ganha, ganha’ – porque é bom para impulsionar o negócio do micro e é bom para os adquirentes. A Getnet lançou sua própria operação de crédito e estamos trabalhando nesse segmento”, contou a executiva.
Para pequenas e médias empresas, do varejo em especial, a adquirente oferece gestão do caixa, emissão de notas fiscais e controle de estoque. A oferta acontece graças a aquisição da EyeMobile, empresa de PDV que oferece automatização para esses sistemas.
Borges aposta na oferta completa de SVA para que o varejista permaneça com um fornecedor apenas.
E, no caso das grandes contas, o SVA é personalizado de cliente a cliente. Para isso, a empresa Auttar, pertencente ao grupo Getnet, faz a integração de TEF e é agnóstica, o que permite a oferta de pagamentos de todos os tipos.
“As regulações e conciliação tornaram-se um desafio para os grandes clientes. E temos aí uma série de oportunidades. Mas a estratégia é segmentar para ter sucesso nos negócios onde a gente atua”, resumiu.
Cielo
Walter Rinaldo, CPO da Cielo, também acredita na segmentação de mercado para entender melhor a jornada do cliente. Neste caso, a estratégia da adquirente é levar o seu cliente para o centro do negócio. “Nosso papel é simplificar e impulsionar negócios para todos.
A ajuda da Cielo está em serviços que apoiem o comerciante a vender mais. Uma maneira é poder oferecer a ele meios de pagamentos que vão além dos cartões de débito e crédito.
“Não somos mais crédito ou débito. Temos Pix, cripto, também. Agregamos novas formas de recebimento para que ele não perca vendas”, resumiu.
Além de dar apoio nas vendas, a Cielo pretende ser uma ferramenta importante na gestão do negócio nas finanças (como na conciliação).
Entre as ofertas de serviços, também estão a disponibilização de dados do negócio da empresa-cliente e uma análise comparativa com a concorrência local. Para os clientes maiores, a adquirente oferece o seu Índice Cielo de Varejo Ampliado (ICVA) com estudos setoriais feitos internamente que podem apoiar o varejista em expansão e avaliar um possível investimento, por exemplo.
SmartPOS
Os terminais inteligentes também são outro ponto relevante para a Cielo. Com ele, o varejista tem acesso a centenas de aplicativos que poderão ajudá-lo na gestão do negócio. São soluções integradas com a frente de caixa, para gestão de estoque, delivery, entre outras.
“Com isso, podemos ir para a próxima milha, que é o serviço de conciliação de modo que ele entenda o que vendeu, para quem, quando vai receber e se está pagando o valor devido. O comerciante pode ter os dados de venda pela Cielo, mas também de outros adquirentes. Estamos sempre na linha de ofertar algo que simplifique e impulsione”, contou o CPO da Cielo.
A loja de aplicativos também é um ponto importante para a Getnet. Nela, a empresa oferece mais de 180 apps com funções das mais variadas. No entanto, Mayra Borges, VP de negócios da empresa, aponta que a oferta desses serviços em smartPOS requer uma mudança de paradigma da indústria de pagamentos como um todo. A executiva explicou que, assim como aconteceu com as empresas de telecom – com as ofertas de combos – o mesmo deverá acontecer com as máquinas POS.
“A curva de adoção de uma smartPOS é mais demorada. No início, as máquinas tinham linguagens diferentes e era difícil trabalhar nos vários modelos. E os preços dos devices eram altos. Uma smart POS custava três vezes mais do que uma tradicional. Agora, os preços estão menores, o que tende a massificar as smartPOS e, com isso, as lojas de apps deverão ganhar mais força.