Os executivos do Banco do Brasil, Original e Itaú acreditam que o sistema financeiro aberto precisa ser apresentado como um serviço para o consumidor brasileiro. Durante o 5×5 Summit, evento organizado pelos sites Convergência Digital, Mobile Time, Telesíntese, Teletime e TI Inside, nesta quinta-feira, 8, os profissionais dos três bancos afirmaram que a mensagem para o consumidor precisa ser clara, concisa e sem ruídos.
“O open finance não é um produto. Eu preciso convencer o cliente que é um benefício. Fizemos uma pesquisa interna e vimos clientes confundindo ‘open finance’ com ‘open bar’ (quando o bar é livre de consumação). Isso aconteceu porque não é um termo que está na boca do povo. E quando falamos de benefícios fica menos difícil para o cliente entender”, relatou Carlos Carneiro, superintendente de open finance do Itaú.
O executivo lembrou que os benefícios já podem ser observados a partir das fases de implantação do open finance desenhadas pelo Banco Central. Por exemplo, a fase 2 permitiu aos clientes compartilharem saldo, extrato, lançamento futuro e informações de crédito entre instituições. E a fase três tem o iniciador de pagamentos, que permite movimentar a vida financeira em um único banco.
“Essas informações são poderosas para gerar benefício”, afirmou Carneiro. “Precisa ficar claro ao cliente a vantagem para o consumidor. Com mais informações, o banco consegue gerar uma qualidade de crédito melhor. Abrir a conta em um clique. E tem o benefício da educação financeira, uma agenda ‘além da oferta bancária’ que ajuda pessoas físicas e jurídicas na gestão de suas finanças e seus negócios”, completou.
Segurança
Para Fabio Lins, superintendente executivo de inovação, canais, Pix e open banking no Banco Original, os correntistas brasileiros têm receio com a segurança no open banking, algo similar ao que ocorria no começo do Pix. Porém, o executivo recorda que essa barreira foi quebrada durante a pandemia de Covid-19.
“O cliente achava que o governo monitoraria sua vida financeira no Pix. Com a pandemia, o cliente teve que resolver seus problemas financeiros e os bancos foram acessados tanto pelos canais digitais como os não digitais. Hoje, o brasileiro já entendeu isso como benefício e até estamos exportando o Pix para outros países”, discorreu o especialista.
Lins afirmou que o processo de consentimento do open finance é tão robusto quanto o Pix, uma vez que também possui certificados e protocolos internacionais, além de ter todas as trocas de informações regidas sob a ótica da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
Menos ‘banquês’
Karen Machado, gerente de open finance no Banco do Brasil, afirmou que o sistema financeiro aberto precisa ser apresentado apenas como “um meio” para o consumidor acessar produtos e serviços financeiros, mas a informação não pode deixar de ser mostrada ao cliente.
“As pessoas precisam entender ou saber usar o sistema financeiro aberto? Não. É como a Netflix, a pessoa não quer saber o processo de como funciona um streaming, ela quer ver o filme. No banco, a pessoa quer contratar empréstimo, abrir uma conta, fazer um cartão e pedir capital de giro. Nisso, o open finance pode ser um meio para chegar ali”, explicou Machado.
A executiva afirma ainda que o caminho nos próximos passos do open finance é falar mais em benefícios e menos o linguajar técnico dos bancos.
“E para a população que tem um refinamento maior, a informação precisa estar disponível e mostrar para eles que o sistema é seguro e privado. Mas no dia a dia, nós falaremos menos de open finance e mais de produtos e serviços financeiros”, finalizou.