O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) acredita que pode haver um desafio no mercado financeiro caso uma fintech quebre. Para Daniel Lima, diretor-executivo da instituição que garante a devolução do dinheiro de clientes e correntistas de instituições financeiras em caso de quebra, o segredo para atender simultaneamente milhões de consumidores impactados será a utilização da tecnologia.
Com 220 associadas, patrimônio com R$ 100 bilhões e cobertura de R$ 3,6 trilhões em outubro deste ano, o FGC atua como um mecanismo de proteção para o próprio sistema financeiro e protege os depositantes até os limites estipulados na regulamentação para pessoa física no BC (R$ 250 mil por CPF e instituição que ofereça produtos como conta corrente, CDB e RDB). Até agora o FGC nunca registrou quebra de novas entrantes. Ainda assim, o volume de clientes que essas empresas têm preocupa o FGC.
“Se até agora as fintechs não quebraram [e muitas não são cobertas pelo FGC por serem apenas instituições de pagamentos], o que muda no jogo para o FGC é que nossa experiência de quebras bancárias em geral era de financeiras pequenas, algo entre 10 mil a 20 mil clientes. O que a gente imagina no futuro é: quando uma fintech quebrar, com milhões de clientes, será necessário usar a tecnologia”, disse o executivo nesta quinta-feira, 8.
App
Durante o 5×5 Summit, evento organizado por Convergência Digital, Mobile Time, Telesíntese, Teletime e TI Inside, Lima explicou que o FGC lançou um app para digitalizar o processo do lado do cliente final para solicitação da devolução do seu dinheiro. Antes o consumidor precisava comparecer a uma agência bancária.
Lançado em 2020, o aplicativo FGC (Android, iOS) devolveu os fundos de 97% dos clientes da única financeira que quebrou deste então – os outros 3% ainda não retiraram seus valores. Além disso, o app trouxe uma redução de um mês para dois dias úteis a retirada de montantes que clientes tinham em instituições financeiras que declararam falência.
Próximas etapas
Agora, o FGC quer ajudar o liquidante – que é indicado pelo Banco Central em caso de quebra de um banco ou financeira – a reduzir o tempo de compilação dos nomes e valores de clientes da instituição em solvência. Atualmente, o liquidante demora entre três e quatro semanas para gerar essa lista.
Também pretende criar uma versão web para acelerar a devolução de montantes para empresas e utilizar iniciação de pagamento junto ao liquidante para acelerar a transferência ao consumidor final.