Nesta segunda-feira, 9, o Ministro Alexandre de Moraes emitiu ordem para as plataformas de redes sociais e mídias identifiquem e removam os conteúdos que promovam incitação aos atos de invasão e depredação de prédios públicos e interrupção de monetização de perfis e transmissão desse tipo de conteúdo em todo o território nacional com validade de 180 dias.
Nominalmente, Moraes citou TikTok, Facebook, Instagram, WhatsApp e Twitter. Além disso, o magistrado pediu a remoção e desmonetização de 17 contas de radicais que insuflaram os ataques, como o bolsonarista Bernardo Kuster.
O Mobile Time entrou em contato com as empresas envolvidas e também outras companhias que possuem plataformas e ferramentas que podem ajudar a medir e entender a movimentação digital antes, durante e depois dos ataques à Praça dos Três Poderes e à Democracia nacional.
Meta e WhatsApp
O porta-voz do WhatsApp informou que “está colaborando com as autoridades brasileiras” e segue “monitorando” os desdobramento das invasões às sedes dos três poderes. A companhia informa ainda que possui um programa de “colaboração permanente” com as autoridades brasileiras que possibilita o pronto atendimento a ordens judiciais dentro das possibilidades da plataforma e “em conformidade com a Constituição Federal, o Marco Civil da Internet e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)”.
O WhatsApp lembra que, como possui criptografia de ponta a ponta como padrão, a equipe do app não tem acesso ao conteúdo das mensagens trocadas entre usuários e não realiza moderação de conteúdo. A empresa recomenda que comportamentos inapropriados, além de conteúdos ofensivos e ilegais, sejam denunciados às autoridades competentes e diretamente nas conversas no app, por meio da opção ‘denunciar’ (menu > mais > denunciar) ou simplesmente pressionando uma mensagem por mais tempo e acessando “menu > denunciar”.
A Meta, controladora do WhatsApp, afirmou que está acompanhando ativamente a situação das invasões às sedes dos três poderes e está removendo conteúdos que violam as políticas da empresa: “Antes mesmo das eleições, designamos o Brasil como um local temporário de alto risco e passamos a remover conteúdos que incentivam as pessoas a pegar em armas ou a invadir o Congresso, o Palácio do Planalto e outros prédios públicos. No domingo, também designamos este ato como um evento violador, o que significa que removeremos conteúdos que apoiam ou exaltam essas ações”, informou a empresa por meio de outro porta-voz.
A Meta não informou dados de quantas contas e conteúdos foram removidos.
TikTok, Telegram e Twitter
O TikTok foi procurado pelo Mobile Time, mas preferiu não se posicionar. Em apuração feita por este veículo, uma fonte próxima ao tema disse que a plataforma de vídeos cumpre todos os pedidos de ordem judicial do governo e das autoridades brasileiras, inclusive a requisição desta segunda-feira.
O Twitter também não respondeu e nem se posicionou. Vale notar que a companhia está sem time de comunicação interna e externa para atender as demandas da imprensa e do governo, uma vez que a nova gestão da plataforma extinguiu seu departamento de comunicação e finalizou o contrato com sua assessoria de imprensa externa. Seu novo dono, Elon Musk, apenas fez uma breve menção aos ataques no último domingo, ao pedir resolução pacífica ante as ações antidemocráticas.
I hope that the people of Brazil are able to resolve matters peacefully
— Elon Musk (@elonmusk) January 8, 2023
A plataforma de mensageria Telegram foi procurada e não respondeu até o final desta reportagem.
Waze e Sensor Tower
O Waze também foi procurado para entender se as informações de trânsito tiveram mudanças fortes nos dias 7 e 8 em Brasília e nas cidades satélite. Mas a companhia informou que não tem esses dados. A Sensor Tower também foi questionada sobre variações em instalação e uso de apps nos dias 7 e 8 de janeiro. Em uma avaliação prévia, não viu grandes alterações na dinâmica dos apps ligados aos manifestantes. As última movimentações relevantes em apps no Brasil foram instalações de aplicativos de previsão do tempo no dia 3, atribuídas ao funeral de Edson Arantes do Nascimento, Pelé.