Apesar de o Pix e seus desdobramentos – como o Pix Garantido, Pix Parcelado e o Pix Crédito – parecerem uma ameaça à hegemonia do cartão de crédito e débito, a Visa acredita que o pagamento instantâneo teve impactos positivos nos seus negócios. Para Fernando Amaral, vice-presidente de Produtos e Inovação da Visa, a tecnologia ajudou na bancarização e na digitalização financeira dos brasileiros, gerando novas oportunidades para a companhia.
“Enxergamos isso com muita naturalidade. A partir do momento que a pessoa é mais digitalizada e bancarizada, e o mercado financeiro consegue ver essas transações, ela vai evoluir financeiramente e vai ter possibilidade de talvez adquirir um cartão de crédito, ter uma conta em outro banco. São caminhos alternativos para o consumidor. O mercado inteiro se beneficia desse movimento, então eu não consigo enxergar como competidores – são possibilidades diferentes”, disse Amaral.
Na visão dele, os meios de pagamento são complementares. O mercado se reinventa e os modelos de negócios evoluem em torno dessas novas alternativas, a fim de atender melhor os consumidores. Ao beneficiar os consumidores e o comércio, os novos meios também ajudam o mercado e as empresas, que se transformam e evoluem.
Ao falar sobre a iniciação de pagamentos por meio do open finance, o VP enfatizou que este também é mais um meio entre outros, como o Pix, que podem ajudar a gerar novos serviços de valor agregado (SVA). Quanto mais formas de pagamento a pessoa tem à disposição, mais ela se beneficia. “Porém, você abre oportunidades imensas também em como você ajuda as pessoas e as empresas a gerenciarem esse fluxo de caixa e toda essa complexidade financeira. Isso cria muitas possibilidades às quais estamos abertos”, contou.
Click to Pay
Em conjunto com as principais bandeiras e outros participantes do setor de pagamentos, por meio da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), a Visa está desenvolvendo um método de pagamento instantâneo, o Click to Pay, que deve ser lançado ainda em 2023. Esta é uma das apostas para este ano. Com ele, o usuário vai cadastrar suas credenciais uma única vez, podendo utilizá-las novamente em outros comércios digitais que usem a tecnologia. Dessa forma, não precisa digitar todos os seus dados sempre, finalizando a compra com um clique, em qualquer dispositivo que esteja sincronizado.
Assim como no caso do cartão de débito e crédito, Amaral enxerga outros meios de pagamento, como o Pix e o iniciador de pagamentos por open finance, como complementares ao Click to Pay. Ele explicou que os lojistas tendem a optar por meios que causem menos fricção, fator que está diretamente ligado à conversão de vendas. “Estamos trabalhando muito no Click to Pay, porque acreditamos que a experiência é muito simples. Após a autenticação, você não precisa fazer mais nada – escolhe o seu cartão e compra no mundo online”, disse.
“Mais ferramentas de comércio e venda trazem mais oportunidades para trabalhar com serviços de valor agregado. No final, quem enxergar esses valores se movimentando e as oportunidades vai conseguir gerar mais valor e crescer em linhas diferentes de negócios. O Brasil ainda tem um espaço muito grande de crescimento. Tem muito valor para ser destravado na indústria. Todos os mecanismos são muito bem-vindos”, concluiu.