A secretaria municipal de Mobilidade e Trânsito (SMT) da cidade de São Paulo lançou nesta quinta-feira, 9, o aplicativo de corridas de transporte particular MobizapSP, com versão para passageiro (Android, iOS) e motoristas (Android, iOS). O app vai concorrer diretamente com 99 e Uber. Ele foi apresentado nesta manhã aos motoristas/influenciadores digitais do setor e imprensa na sede da CET, na região central da capital paulista.
O MobizapSP foi produzido pelo Consórcio 3C, composto pelas empresas Construtora, Laços Detetores e Eletrônica, Consilux Consultoria e Construções Elétricas, e CSX Inovação, que poderão explorar a licença por cinco anos. O pool empresarial obteve a licença da prefeitura após vencer o processo licitatório da SMT em junho do ano passado. O grupo ofereceu o revenue share mais baixo entre os licitantes (10,95%) para a plataforma, deixando o restante para o motorista.
Thiago Hidalgo, CEO na Consulix Tecnologia e vice-presidente de tecnologia e operações na CSX Inovação, explicou que o principal diferencial para o motorista é o revenue share menor em comparação aos rivais. Por sua vez, o usuário não precisa pagar o valor dinâmico e terá uma opção similar aos dois principais apps do mercado.
Segundo o vereador Marlon Luz (MDB-SP), a ideia do Mobizap SP é dar opção de “uma corrida justa para o motorista e o passageiro” em qualquer momento do dia, com alta ou baixa demanda. Luz, que participou da CPI dos Aplicativos na Câmara dos Vereadores e trouxe informações da comissão para o desenvolvimento do app, afirmou que o MobizapSP pode ajudar a reduzir horas excessivas de trabalho e ganho baixo entre os motoristas.
Como funciona
Oficialmente, o aplicativo entrou nos marketplaces de Google e Apple às 11h. Usuários e motoristas já podem baixar o MobizapSP e se cadastrar. Ao preencherem seus dados, os condutores ou passageiros devem adicionar uma selfie para ter a verificação biométrica. Também há a opção de pré-cadastro no site do aplicativo. As corridas do app valem apenas para a cidade de São Paulo. Por outro lado, o app aceitará que motoristas de outras cidades trabalhem na capital paulista. E a cada 15 dias o app passará por atualização, seja para adicionar funções ou corrigir falhas. Vale dizer que a prefeitura de SP não terá participação nos lucros do app, apenas receberá as mesmas taxas que recebe de outros meios de transporte, como o ISS da empresa e a taxa de rodagem dos motoristas.
Executivo e legislativo
O secretário de Mobilidade e Trânsito, Ricardo Teixeira, afirmou que a administração municipal entra apenas com a chancela do app. Ao mesmo tempo, o representante municipal afirmou que regulará o Mobizap igual aos outros apps. Sobre o risco de a prefeitura receber processo dos líderes de mercado junto ao Cade por reserva de mercado por ser regulador e apoiar um app que oferece taxas menores que os rivais ao mesmo tempo, Teixeira afirmou que o processo licitatório era aberto e que Uber e 99 poderiam ter entrado.
“Qualquer um poderia ter participado (da licitação). A premissa era apenas a menor taxa. Então foi uma coisa pública, não escondemos nada. Mas se alguém vier reclamar, questiono: por que não participou da licitação?”, completou.
Teixeira disse ainda que não há metas de adesão de motoristas neste momento, pois acredita que será um processo autorregulado. Afirmou que o Consórcio 3C precisa fazer um trabalho forte de mídia para comunicar motoristas e passageiros sobre a chegada e os benefícios do app.
Táxi x carros
Hidalgo disse a Mobile Time que o app já nasce com uma carteira digital integrada. Por meio dela, o usuário faz os pagamentos (Pix, crédito ou débito no saldo da carteira) e o motorista recebe seus ganhos. Afirmou ainda que por ter carteira, o app pode evoluir para outras categorias, como táxi, e até adicionar bilhete único, mas depende do desejo da prefeitura.
O secretário de Mobilidade e Trânsito acredita que o MobizapSP não precisa ter táxi no começo, pois a prefeitura já oferece o TaxiSP. Mas prevê que, ao longo da jornada, o app pode adicionar novos serviços até para incrementar sua receita: “Nada impede que os taxistas façam essa adesão (ao MobizapSP). Não é o que queremos. A prefeitura quer que eles fiquem lá (TaxiSP). Mas no futuro, dentro do poder público, estudando, se pudermos unir esses dois aplicativos também, não tem problema nenhum. O que a gente quer é um trabalho justo e digno”, disse.
Por sua vez, o vereador Luz vê com naturalidade a adesão de taxistas no MobizapSP, uma vez que Uber e 99 também ofertam essas categorias.