Em três anos, a receita da Vivo com dados e serviços digitais aumentou 72%, passando de R$ 3,1 bilhões no primeiro trimestre de 2016 para R$ 5,4 bilhões no mesmo período deste ano. Enquanto isso, a receita de voz seguiu caminho inverso, despencando 60%, de R$ 2,8 bilhões para R$ 1,1 bilhão. Desta forma, a participação de dados e serviços digitais sobre a receita operacional líquida de serviços móveis da Vivo subiu de 53% para 83%, um aumento de 30 pontos percentuais nesse período, informa o mais recente balanço financeiro da companhia, publicado nesta quinta-feira, 9.
Análise
Os números do balanço da Vivo refletem a estratégia das operadoras na formatação de seus pacotes de serviços móveis, hoje focados em Gigabytes, não mais em minutos de voz. Essa estratégia, por sua vez, é uma resposta à demanda dos consumidores, agora mais interessados no uso de aplicativos e na navegação móvel do que na realização de chamadas pela rede celular.
Uma série de fatos ilustram essa tendência e ajudam a explicá-la. Alguns deles são:
. Voz virou commodity e agora é oferecida de forma ilimitada por várias operadoras, tanto para chamadas on-net quanto offnet.
. Os pacotes das teles destacam a quantidade de GB na franquia de dados, não mais minutos de voz.
. Serviços digitais estão sendo embutidos em pacotes pós-pagos, como forma de diferenciação da oferta e fidelizacão do cliente – mas também como estratégia tributária, reduzindo o peso do ICMS.
. Com a melhoria na cobertura e na capacidade das redes 4G, assim como o aumento das franquias de dados e a popularização de smartphones, 62% dos internautas brasileiros com smartphone realizam chamadas de voz pelo WhatsApp, conforme indica a mais recente pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre apps de mensageria no Brasil (fevereiro de 2019).
. 9% dos internautas brasileiros com smartphone não têm mais o ícone de realização de chamadas na homescreen de seu telefone, de acordo com a mais recente pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre uso de apps no Brasil (dezembro de 2018).