A Vivo observou no primeiro trimestre deste ano crescimento nas receitas e sobretudo no lucro graças a uma estratégia focada em áreas de alto retorno, como os dados móveis com 4G e a fibra para banda larga fixa e IPTV. O presidente da operadora, Christian Gebara, afirmou que o aumento dos preços dos planos no pós-pago teria sido o maior responsável pelo resultado, uma vez que o cenário macroeconômico do País não mostrou recuperação.
“Focamos no pós especificamente porque aumentamos os preços em setembro e dezembro, trazendo melhora positiva nas receitas. A economia no Brasil ainda está como nos trimestres anteriores, não vimos melhoria. E por isso [pelo aumento nos valores] é que tivemos melhoria nas margens”, declarou ele em teleconferência para analistas nesta quinta, 9. “Conseguimos adições líquidas e capturar esse aumento para o híbrido e pós-pago puro.” O executivo diz que a companhia pretende renovar o portfólio, mas não antecipou detalhes.
Por outro lado, assim como as concorrentes, o pré-pago observou queda na Vivo. Gebara faz coro ao que o presidente da TIM, Pietro Labriola, comentou no dia anterior sobre a guerra de preços no segmento. “A gente procura ser mais racional, e precisamos, como setor, ter maior racionalização no preço, com mesmo nível dos competidores, mas mais dados e redes sociais livre”, ponderou. O executivo explica que o pré-pago é o segmento mais suscetível à situação econômica, apesar de alegar que o “movimento do pré está estável, mas não tão positivo como no pós”.
A fibra é outro pilar estratégico da operadora. A companhia promove a implantação para a infraestrutura da móvel em preparação para a chegada da tecnologia 5G – segundo Gebara, a Vivo já está “se preparando e esperando” pelo leilão de frequências da Anatel em março de 2020. Além do backhaul e backbone, a companhia também utiliza a fibra até a residência (FTTH), que tem mostrado crescimento nas receitas e no número de acessos nos últimos trimestres.
Os investimentos para FTTH aumentaram 34% nos últimos 12 meses, e agora a companhia cobre 130 cidades com a tecnologia (além de 117 municípios com FTTc). Somente em 2019, a rede chegou às cidades de Boituva (SP), Cabedelo (PB), Catanduva (SP), Mafra (SC), Santa Maria (RS), São Bento do Sul (SC), São José do Rio Pardo (SP) e Varginha (MG), além da capital Vitória. A estratégia não está só em novas cidades. “Estamos tentando sustentar ao máximo a ADSL, mas o foco é em substituir ou sobrepor com fibra. Em alguns lugares não dá, e aí temos que definir o critério por preço, ou se tem competição ou não”, afirma. Em algumas dessas localidades onde o FTTH não é “lucrativo suficientemente”, a Vivo deverá também considerar chegar com acesso fixo-móvel (FWA) em 4G ou, futuramente, 5G. “Estamos nos valendo cada vez menos da infraestrutura legada”, declarou o executivo.
Onde a fibra chega de fato, há avanço. A companhia afirma ter obtido 9 milhões de homes-passed até março, e planeja atingir 15 milhões no período de 18 a 20 meses. “Estamos além do plano de chegar à relação de 33% de homes-connected e homes-passed. Isso vai nos dar mais espaço para sermos mais agressivos do que no ano passado”, declara Gebara.
Além do investimento em tecnologia e base de maior retorno de receita, a Vivo também foca na digitalização para reduzir custos. A companhia afirma ter capturado um terço (36%) do total de R$ 1,6 bilhão de economia estimada para até 2021. O CFO da operadora, David Melcon, explicou que essa tem sido a estratégia nos últimos três anos. “Temos focado na digitalização do comercial e não comercial, tanto no backoffice quanto no front-office”, explica. “Já capturamos um terço do estimado, e agora faltam dois terços para os próximos dois anos e meio.” O executivo destacou ainda que a empresa tem se “beneficiado” com a nova lei trabalhista, além de conseguir uma melhor receita em relação a contrato com fornecedores.