| Originalmente publicada no Teletime | A TIM Brasil esclareceu: não é verdade que a operadora excluiu a Huawei como possível fornecedora de equipamentos para a rede 5G. Ainda não houve a seleção de quais fornecedores seriam escolhidos, mas a empresa ressaltou em posicionamento que o critério será puramente técnico.

A TIM Brasil informa que, ao contrário do que foi divulgado recentemente, ainda não tem definidos os fornecedores de equipamentos para o sistema 5G. A empresa fará seu processo de compras, sempre norteado por critérios de alta qualidade e preços competitivos, seguindo as regras definidas pelas instituições brasileiras.

O posicionamento da TIM é uma contestação de uma matéria da agência de notícias Reuters publicada nesta quinta-feira, 9. A publicação afirma, citando “duas fontes familiarizadas”, que tanto a brasileira quanto a controladora, a Telecom Italia, teriam dispensado a Huawei na implantação da rede 5G no Brasil e na Itália em favorecimento de outras empresas.

Segundo a Reuters, uma das fontes citou Cisco, Ericsson, Nokia, Mavenir e Affirmed Networks de uma “lista de fornecedores convidados” para a licitação. Cisco e Mavenir atuam tanto no core de rede, quanto na virtualização da rede de acesso aberta (OpenRAN), tecnologia esta na qual a Nokia também passou a apostar. É também um dos focos da Affirmed Networks, empresa adquirida recentemente pela Microsoft (a transação foi concluída em abril) e que foca em soluções baseadas em cloud para a rede virtualizada.

OpenRAN e China

Entre as fornecedoras, apenas a Ericsson não tem solução de OpenRAN, embora a sueca faça parte da aliança de apoio à tecnologia, a O-RAN Alliance. Assim, o mais provável é que, se de fato houve algum convite para licitação da Telecom Italia e/ou TIM Brasil sem a Huawei, o motivo seria o foco nessa tecnologia – a TIM Brasil já iniciou testes com a Inatel. Ou seja: não significa que os demais equipamentos tradicionais de rede, incluindo acesso, iriam excluir a fabricante chinesa, que não tem solução de OpenRAN. Pelo menos no Brasil.

A tecnologia de rede de acesso aberta é uma das apostas de “diversificar” o ecossistema de fornecedores. Coincidência ou não, a lista de empresas que formam a O-RAN Alliance não conta com a Huawei, apesar de ter a ZTE e operadoras chinesas. Além da Ericsson, Cisco e Nokia, o grupo Telecom Italia (assim como a Telefónica) integra essa aliança.

Geopolítico

Pelo menos até o momento nenhuma brasileira excluiu a Huawei de sua lista de possíveis fornecedores de 5G. A Vivo já disse não ter problemas com os equipamentos da chinesa, enquanto a Oi também se manifestou dizendo que não quer limitações. Com a realização do leilão de novas frequências da Anatel apenas em meados de 2021, as empresas ainda têm tempo para efetuar essa escolha.

Esse tempo pode ser fundamental no contexto geopolítico. O governo Jair Bolsonaro tem ameaçado por diversas vezes, nem sempre devidamente embasado, limitar ou excluir a participação da Huawei ou de outra chinesa nas redes 5G no Brasil, mas de concreto ainda não foi feito nada. Esses “sinais” são um alinhamento estratégico que Bolsonaro tem com a administração Donald Trump nos Estados Unidos, que tem pressionado países aliados a não permitir a Huawei nas redes 5G. Vale lembrar, contudo, que a eleição presidencial norte-americana acontecerá ainda neste ano.

 

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