A plataforma de benefícios chilena Betterfly (Android, iOS) levantou recentemente US$ 60 milhões em rodada série B. Esta é a segunda rodada da empresa, acumulando US$ 80 milhões. Com o montante, a startup inicia sua expansão para outros países da América Latina, a começar pelo Brasil.
A Betterfly, apesar de oferecer um seguro de vida, não é uma insurtech, mas, sim, um marketplace de serviços. A startup atua principalmente no mercado B2B2C, onde empresas contratam a ferramenta para oferecer a seus colaboradores ou clientes. Na versão chilena, há o seguro, que todos os usuários possuem, além de acesso à telemedicina, suporte psicológico, serviços de fitness, meditação, nutrição, educação e bem-estar.
Seu diferencial está na compensação por bons hábitos por parte dos seus usuários. Cada passo dado durante uma caminhada é feito um ligeiro aumento na cobertura de vida em 1 peso. E cada caloria queimada é convertida em uma doação social para uma ONG. Todos os bons hábitos acumulam pontos, que podem ser convertidos em prêmios e recompensas. Vale dizer que o app da Betterfly possui integração com vestíveis e aplicativos. Entre eles, os wearables da Garmin e os apps Strava, Samsung Health e The Health, da Apple.
“A penetração do seguro de vida é muito baixa na América Latina e está restrita à classe alta. As pessoas têm seguro por causa do trabalho e que são oferecidos pelas empresas, mas, quando saem dessas companhias, não levam o benefício. Não no nosso caso. Quando o funcionário se desliga da empresa, ele tem a opção de continuar conosco. Nossa intenção é democratizar a oferta de seguro de vida para as massas. Não são seguros milionários, mas é para a população mais vulnerável”, explicou em conversa com Mobile Time Leonardo Lima, country manager no Brasil da Betterfly.
A expectativa de Lima é terminar o ano, no Chile, com mais de 550 mil usuários dentro da comunidade, podendo chegar a 1 milhão, uma vez que os 550 mil já estão contratados. “Isso é incrível num país com 18 milhões de pessoas, sendo que a massa de trabalhadores é de 9 milhões. Podemos alcançar 10% desse público em doze meses de operação”, resume Lima.
“Temos uma ambição muito grande: levar proteção a 100 milhões de pessoas nos próximos três anos no mundo. E o Brasil deverá ser um grande contribuidor para chegarmos a esse número”, estima o executivo.
Para as empresas que contratam o serviço, é possível acompanhar e analisar o progresso de seus funcionários dentro da plataforma a partir de um painel que apresenta relatórios e métricas medidas em tempo real. O dashboard também mostra se a pessoa prefere andar de bicicleta ou a pé, que dias costuma fazer atividade física, entre outras informações. “A taxa de engajamento é muito alta, comparada com outras plataformas”, garante Lima. Segundo o executivo, pode-se chegar a 70% da base da empresa na comparação com outros produtos.
Custos e serviços
A adesão à plataforma no Chile custa US$ 4 por funcionário e inclui cobertura de seguro de vida instantânea e garantida, sem perguntas de ordem médica ou exclusões por condições pré-existentes. Há também acesso à telemedicina, suporte à saúde mental, fitness virtual, meditação e mindfulness, exames médicos, nutricionista online, educação financeira e de bem-estar. Os funcionários também podem optar por complementar sua cobertura caso a empresa não compre todo o pacote ou estendê-la a outros membros da família.
Em seu modelo de negócios, a Betterfly recebe das empresas contratadas uma mensalidade por usuário. E, por ser uma B corp, ou seja, uma public-benefit corporation, a startup tem a obrigação de gerar impacto social.
No Brasil
Antes chamada de Burn to Give, a empresa chilena está começado a montar sua base no Brasil e está à procura de parceiros para oferecer todos esses serviços. A previsão de Lima é que a startup comece a funcionar até o final deste trimestre, ou seja, até setembro.
“No momento, estamos conversando com seguradoras, empresas que oferecem telemedicina, ONGs e esperamos ter tudo certo e desenvolvido ainda neste trimestre”, completa o country manager da Betterfly, que saiu da Samsung do Chile, onde era CMO e já trabalhava em parceria com a startup, para gerenciar a base brasileira da empresa chilena.