A Secretaria de Segurança do estado de São Paulo (SSP) confirmou a prisão de um suspeito de ser o maior receptador de smartphones do Brasil. Em coletiva realizada nesta quinta-feira, 9, o secretário da SSP, Guilherme Derrite, afirmou que o homem era de Guiné-Bissau e estava com 312 celulares, dos quais 64 com queixa de roubo e furto.

“Acreditamos que não tem esse sistema (de interceptação) em outros estados brasileiros”, disse Fabio Pinheiro Lopes, diretor do DEIC-SP. “Todos os celulares serão analisados e devolvidos às vítimas que fizeram boletim de ocorrência. Alguns já foram comunicados ontem. Por isso, incentivamos as pessoas a fazerem o boletim de ocorrência”, completou.

Além dos celulares, a polícia também encontrou notebooks que faziam a captura de dados para golpes bancários (Pix) e limpeza dos dados do handset. Após extraírem todas as informações financeiras das vítimas e usarem para golpes financeiros, os handsets eram enviados para África onde seriam vendidos.

Dos 312 aparelhos, 250 estavam embalados em plástico filme para serem levados ao continente africano.

Diligência

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Equipamentos roubados (crédito: Polícia Civil)

A prisão foi efetuada por policiais da 1ª Delegacia de Patrimônio (roubo e latrocínio) em um prédio no centro de São Paulo. O suspeito tinha ainda outros dois pedidos de prisão feitos por outras duas delegacias, a 8ª DP, por furto qualificado, e a Deic, também por interceptação de celulares.

Segundo Lopes Pinheiro, o local da diligência foi tema de diversas reportagens e denúncias na web sobre usuários que tiveram seus smartphones roubados e o localizador apontava para aquele local, mas como tem uma centena de apartamentos no espaço, a polícia não conseguia identificar em qual estavam os celulares e sequer pedir mandado de busca e apreensão.

Questionada por Mobile Time, a SSP não respondeu o nome do suspeito, nem quais softwares e aparelhos eram usados para limpar os celulares.

‘Economia do crime’

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Cúpula da Secretaria de Segurança da Polícia Civil de SP e o secretário Guilherme Derrite (de cinza) (reprodução: Youtube/Governo de SP)

O secretário Derrite credita esse movimento de roubos de celulares à “economia do crime”, um ecossistema que se autoalimenta e gera mais crimes. Deu como exemplo as quadrilhas de bicicletas que roubam os celulares, o receptador que intercepta o handset roubado, extrai os dados para golpe Pix e envia os celulares roubados para a África.

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública atentou em julho deste ano para uma tendência de crescimento de outros crimes a partir do roubo/furto de celulares, como o estelionato e/ou o golpe virtual. Ao todo, o Brasil registrou 1 milhão de ocorrências de roubo e furto de celular no ano passado, uma alta de 16% comparado com o ano anterior, de acordo com o Anuário.

 

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