| Publicada originalmente no Teletime | A qualidade da rede móvel do Aeroporto Internacional de Confins (BH Airport) superou a oferecida no aeroporto de Guarulhos – o mais movimentado do País. No primeiro trimestre de 2024, a velocidade média de download na instalação mineira atingiu 187 Mbps.

Os resultados fazem parte de relatório encomendado à empresa de medições Ookla pela operadora de infraestrutura QMC Telecom. O aeroporto de BH é equipado com um sistema de antenas distribuídas (DAS) entregue pela empresa em 2020.

Confins

O objetivo era comparar a qualidade da rede em Confins em relação aos principais aeroportos do mundo. Do Brasil, apenas o aeroporto de Guarulhos vinha sendo avaliado em medições da Ookla, registrando velocidade média de download de 55 Mbps no primeiro trimestre deste ano.

Neste levantamento da Ookla, apenas 11 aeroportos registraram taxas de velocidade de download superiores a 200 Mbps na rede móvel no primeiro trimestre. O Hamad International Airport, no Catar, registrou o maior índice, de 442 Mbps.

Já a velocidade média alcançada no BH Airport superou a de outros aeroportos relevantes, como Frankfurt (135 Mbps), Amsterdam-Schiphol (158 Mbps) e Toronto (165 Mbps).

Rede indoor

No caso do BH Airport, usuários da ClaroTIM e Vivo conseguem utilizar a rede móvel indoor instalada pela QMC no aeroporto de BH. A Vivo já tem 5G habilitado dentro lá dentro.

Com a entrada da rede de quinta geração no Brasil, também aumentaram os projetos de infraestrutura para redes internas, apontou em entrevista ao Teletime o COO da QMC Telecom, André Machado.

“No 5G, o impacto é gigantesco no ambiente indoor. Quanto maior a frequência, menos ela vai penetrar nesses ambientes internos. Se não tiver uma rede indoor, você não vai ter um bom sinal lá dentro”, disse Machado, afirmando que as operadoras brasileiras se atentaram rapidamente a essa característica.

De acordo com o executivo, antes da quinta geração móvel, a QMC Telecom realizou cerca de 300 projetos de redes indoor na América Latina ao longo de dez anos – principalmente no Brasil. Mas hoje, com o 5G avançando no mercado, a companhia registrou uma demanda de 104 projetos em andamento em apenas um ano, distribuídos em locais como shoppings, hospitais, e grandes edifícios comerciais.

Como resultado, a experiência dos usuários (tanto em aeroportos quanto em grandes empreendimentos) é impactada pela qualidade da conectividade móvel oferecida. De acordo com Machado, uma conexão móvel robusta complementa e, em muitos casos, supera a experiência do Wi-Fi.

Mas a QMC também nota diferentes níveis de maturidade dos países da América Latina em relação ao uso de redes indoor, com desafios e oportunidades para uma expansão ainda maior. “Os primeiros na América Latina [a ter 5G] foram Chile e Brasil. Ou seja, nesses países, já existe um entendimento melhor das operadoras de que precisam ter redes indoor. Então, é mais rápido. As operadoras querem fazer. Elas reconhecem a necessidade”, afirmou André Machado.

Mas existem outros países onde o 5G utilizado é principalmente o DDS – tecnologia que utiliza frequências do 4G e que é menos suscetível a interferências de barreiras físicas em relação ao 5G puro, mas também menos potente.

“Nesses países ainda não se caiu a ficha de que, no ambiente indoor, não vai chegar sinal [do 5G puro]. Eles estão fazendo as primeiras redes macro 5G, estão no estágio de achar que o sinal vai penetrar no ambiente indoor. Então, tem um tempo ainda. Tem um desafio de maturidade”, disse o executivo.

Machado, afirmou que a implantação de uma rede indoor é mais complexa do que a instalação em ambientes externos. “Existe o problema de interferência do sinal que vem de fora e há uma demanda de tráfego muito maior do que a demanda outdoor”, disse o executivo.

“Imagine um aeroporto, hospital ou shopping. Há vários campos eletromagnéticos que interferem no sinal. Por isso, é tão difícil modelar e executar uma rede que atenda a padrões de alta qualidade. Isso explica por que alguns locais, como o Aeroporto de Guarulhos citado no estudo da Ookla, têm uma rede tão aquém do que se pode alcançar quando a rede é bem planejada, dimensionada e configurada da forma correta”, disse Machado.