Os números operacionais do 5G no Brasil revelam um bom desempenho da tecnologia, mas ainda há desafios para extrair uma melhor monetização da nova rede: esta é a conclusão de debate realizado nesta quarta-feira, 9, na Futurecom, em São Paulo.
O país tem hoje 33 milhões de linhas em dispositivos de quinta geração. De acordo com dados levantados por Carlos Roseiro, diretor de marketing da Huawei, o Brasil levou 10 trimestres para que essa tecnologia representasse 10% da base nacional. A título de comparação, o México levou 12 trimestres; a Inglaterra, nove; e a França, oito.
Além disso, quando se analisam as obrigações determinadas pelo leilão de 3,5 GHz, todas as teles estão adiantadas no seu cumprimento.
Na Vivo, mais de 90% dos dispositivos vendidos hoje em dia são 5G; na base pós-paga, a quinta geração responde por 35%; e o consumo de dados entre usuários com essa tecnologia na operadora é 45% maior que os demais, disse Gabriel Domingos, diretor de marketing B2B da Vivo.
“Em qualquer perspectiva que você olhe, o 5G é um grande sucesso no Brasil”, afirmou Roseiro, da Huawei.
Desafios da monetização 5G no B2B
Para a monetização junto aos consumidores finais, as operadoras aumentaram os pacotes de dados e seus preços. Mas ainda há desafios para a monetização no mercado corporativo.
A principal aposta das teles para monetizar as redes com aplicações B2B está em projetos de redes celulares privativas (RCPs), concordaram os participantes do painel. Para esse segmento decolar, contudo, falta um trabalho melhor de orquestração dentro de ecossistemas de verticais específicas, comentou Alexandre Gomes, diretor de marketing da Embratel.
A demanda por RCPs 5G pode vir de aplicações de video analytics, aponta Alexandre Dal Forno, diretor de IoT da TIM. “Video analytics vai ser o grande salto para o uso do 5G no ambiente B2B. Uma câmera de alta resolução vira um grande sensor. Na agricultura, por exemplo, você pode levar o agrônomo para o meio da plantação de maneira virtual, com um drone transmitindo via 5G. A questão é: o agricultor precisa disso hoje? Qual o custo dessa solução?”, comentou o diretor da TIM.
Network slicing e FWA
Há também expectativa em torno do network slicing, que pode funcionar como uma espécie de rede privativa dentro da rede pública. Vários testes já foram feitos, especialmente para a transmissão de eventos ao vivo por canais de TV, mas ainda não foi definido um modelo de negócios.
O network slicing pode ser trabalhado também através da API de qualidade sob demanda do Open Gateway. Um teste está sendo feito pelo Itaú com a rede da Vivo, por exemplo. E isso pode ser uma solução também para o consumidor final, se precisar de garantia de banda em locais de alta densidade.
Por fim, o FWA é outro serviço citado como uma nova fonte de receita sobre as redes 5G. Sua oferta começou há pouco tempo no Brasil e vem servindo como uma conexão de contingência ou como conexão primária para locais aonde a fibra ainda não chegou.
Imagem no alto: painel sobre monetização de 5G na Futurecom (Crédito: Fernando Paiva/Mobile Time)
*O jornalista viajou a convite da organização da Futurecom e da Intel