|Atualização em 14 de outubro, às 8:28, sobre o país ter sido protagonista global na produção de semicondutores|O Brasil tem potencial para ser protagonista global na produção de semicondutores: é o que acreditam especialistas da área que estiveram presentes em debate promovido pela Futurecom, nesta quarta-feira, 9, em São Paulo. Mesmo após perder espaço no setor, o País é quem tem o maior parque industrial voltado para essa tecnologia, fora da Ásia. “Temos uma tradição de 50 anos no segmento, em que produzimos esses itens com energia renovável – algo que nenhum outro país do mundo faz – e contamos com mão de obra capacitada”, afirmou o diretor do Centro de Inovação da Universidade de São Paulo (Inova USP), Marcelo Zuffo.

Se antes o Brasil estava à frente do mercado coreano e chinês, hoje depende fortemente da importação de insumos para a indústria de tecnologia e comunicação. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior, em 2023, a maioria desses itens vinha da Ásia (50%), seguida por União Europeia (13%), Estados Unidos (10%) e pela Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), com apenas 4%. “O País conseguiu projetar o chip quatro anos antes da Coreia do Sul, nos anos de 1970. O processo não é difícil, mas requer cadeias industriais complexas”, apontou o diretor do Inova USP. 

A dependência de semicondutores asiáticos não é apenas um ponto que aflige o País, mas também o bloco europeu e os Estados Unidos. Ainda mais após a pandemia de Covid-19, em que os grandes produtores passaram por restrições mais rígidas, em especial a China, que chegou a ser o epicentro do vírus. Segundo o diretor de assuntos governamentais da Intel, Emilio Loures, União Europeia e EUA estão procurando investir mais no segmento de semicondutores. O entendimento é de se tratar de dinheiro a fundo perdido, pois estruturar uma produção do gênero requer um alto investimento. Embora os dois mercados se sobressaiam em relação ao Brasil neste momento, ele destacou que “não estamos saindo do zero”.

Semicondutores: produção essencial para o Brasil e mundo

Por aqui, o governo federal também tem o entendimento de que produzir semicondutores não é só crucial para o País, mas uma forma de ganhar protagonismo no mundo. Não por acaso, recentemente, a Lei de Informática e TICs foi prorrogada de 2026 para 2029, assim como a Lei do Padis.

“Um dos principais meios de impulsionamento, em termos financeiros, tem sido a disponibilização de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que começou a ser liberado nos últimos anos”, observou o coordenador geral do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Guilherme Correa. Na concepção dele, há muitas ações voltadas para o setor que caminham de forma separada e poderiam ser centralizadas no Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA). 

Foto: da esquerda para a direita: Emilio Loures, Augusto Gadelha, Marcelo Zuffo, Guilherme Correa e Israel Guratti (diretor de tecnologia e política industrial da Abinee) – Karina Merli

 

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