Ricardo Mucci, CEO da Cisco no Brasil, acredita que a complexidade da inteligência artificial tem “limitado um pouco sua evolução”. Durante o evento Zero Outage, organizado pelo Itaú com a Zois nesta quarta-feira, 9, o executivo afirmou que existem vários pontos para se racionalizar ao aplicar IA em uma operação empresarial.

“Hoje, fazer a gestão do modelo de ChatGPT para pessoa física é simples. Mas quando o executivo coloca IA em aplicações corporativas, mais robustas, é outro jogo. É outra complexidade. Existe compliance, gestão de modelos, gestão de controle, aplicação de segurança. A estratégia da companhia”, disse o executivo.

Mucci acredita ainda que esta tecnologia é para todas as corporações um “all-in” (termo do pôquer para ‘apostar tudo’). Mas lembra que, em uma pesquisa recente da empresa com CIOs brasileiros, 97% dos líderes disseram que precisam ter modelo IA aplicada, mas apenas 18% estão prontos para o próximo passo.

Por isso, o CEO da Cisco reforça que as grandes empresas precisam aperfeiçoar “cada vez mais a utilização IA”. Em sua visão, com a atual complexidade da tecnologia se torna “humanamente impossível fazer uma gestão” de tecnologias “sem o uso da IA”. Deu como exemplos, a estrutura de rede WAN, datacenters, gestão de Wi-Fi (olhar o que tem de interferência em radiofrequência) e gestão de segurança.

“IA é vital para o modelo de gestão e inovação. Quando olhamos as grandes corporações e saímos do modelo de IA para pessoa física [como o ChatGPT] e vamos para o modelo de aplicações corporativas a complexidade disso é muito maior”, afirmou o CEO da fornecedora.

O vice-presidente da GFT, Jonatas Leandro, afirmou que a dificuldade para gestores de tecnologia na inteligência artificial não é decidir como investir, mas o que não fazer em inteligência artificial. Leandro afirmou que o ciclo de desenvolvimento em IA pode trazer economia e efetividade nas áreas, mas é preciso realiar as ações certas.

“O CIO tem oportunidade de negócio, mas tem uma capacidade (de mão de obra) limitada, um orçamento limitado e, nesse sentido, ele precisa entender o que fazer adiante para o seu cliente”, explicou o executivo da consultoria de negócios, ao reforçar que o uso da inteligência artificial é para facilitar.

Práticas em IA

Pela Vivo, o CRO Alex Salgado disse que a inteligência artificial possibilitou à banda larga fixa residencial ter mais disponibilidade e melhor experiência para o cliente. Isso porque os equipamentos que estão na casa dos clientes começam a medir dados que até então a operadora não conseguia.

“Hoje tenho um agente dentro de cada um dos equipamentos que responde por 6 milhões de conexões. Nós conseguimos contabilizar 30 parâmetros simultâneos”, explicou Salgado. “Com a modelagem de inteligência artificial eu consigo prever em tempo real quando o cliente terá indisponibilidade, se uma impressora 2,4 GHz está degradando todo Wi-Fi e sugerir enviar um técnico para cabear a impressora. Entender se o consumidor está usando a frequência errada de Wi-Fi”, exemplificou.

Por sua vez, Andrea Fodor, CEO da Hitachi Vantara no Brasil, disse que tem usado IA em monitoramento e atendimento para ajudar 60 mil equipes monitorando 11 mil sites diferentes, o que permite uma resolução na faixa de 90% das ocorrências que são abertas e traz um ganho de 30% de produtividade.

Além disso, a executiva da empresa que dispõe de serviços como armazenamento, integração de sistema e gerenciamento de inteligência de dados, afirmou que tem ajudado seus clientes a adotar modelos de inteligência artificial para gerir grids de energia ou ter um modelo ideal de custo de energia.

Imagem principal: Executivos em painel de C-Level no Zero Outage, evento do Itaú com a Zois (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)