As MVNOs do México estão apostando cada vez mais na personalização de seus serviços para públicos de nicho. É o que observou Rocio Villanueva, presidente e criadora da Asociación Mexicana de Operadores Móviles Virtuales (Amomvac), durante debate realizado na Futurecom, nesta quarta-feira, 9, em São Paulo. Como o país tem um grande número de operadoras virtuais, acredita-se que o caminho para ganhar mercado é focar em determinados públicos. Entre os exemplos citados por Villanueva estão a população LGBTQIA+ e as mulheres.
Para o primeiro público, há uma operadora que oferece fácil acesso a assessoria jurídica para a troca do nome e gênero de pessoas transexuais. Já para o público feminino, há MVNO com uma ferramenta para definir contatos de emergência, que podem ser notificados se o deslocamento da usuária for diferente daquele de sua rotina. A aplicação é capaz de identificar padrões como horários, dias e locais. Se algo foge do usual, alerta os contatos com a última localização. Além disso, essa MVNO oferece serviços de telemedicina, assistência legal e um cartão de débito, graças à parceria com uma fintech.
“Essas iniciativas surgiram porque as empresas começaram a escutar os públicos que desejavam atender, para saber o que poderiam oferecer. Isso é essencial para as operadoras virtuais crescerem”, afirmou a presidente da Amomvac.
Personalização dos serviços das MVNOs é caminho para o Brasil?
Na visão do vice-presidente sênior da Telecall, Bruno K. Ajuz, a regulação das MVNOs no Brasil evoluiu, mas não ocorreu na velocidade esperada. “O segmento ainda enfrenta dificuldades regulatórias por aqui, especialmente em termos tributários. Não há como uma MVNO pagar a mesma tributação que as grandes operadoras”, afirmou o SVP da Telecall.
Embora existam desafios, o País tem diversos pontos a serem explorados pelas MVNOs. Um exemplo disso é o segmento IoT, maior parte do público atendido pelo setor. “As empresas buscam as operadoras móveis virtuais para terem um atendimento diferenciado. Se houver um problema, elas precisarão de uma resposta imediata”, observou André Martins, CEO da NLT. De forma complementar, Ajuz lembrou que é muito comum esses clientes corporativos terem até o número de telefone do dono da MVNO. “O grande diferencial é o atendimento”, disse.
“Pensar fora da caixa” é algo considerado essencial pelos debatedores. O vice-presidente da Telecall destacou que as empresas do segmento têm a vantagem de poder errar e consertar rapidamente. Por isso, é possível fazer testes para se adequar às demandas dos clientes.
Foto: da esquerda para a direita, estão Eduardo Tude (dono da Teleco), Rocio Villanueva, André Martins e Bruno K. Ajuz – Karina Merli