Thamila Talarico, sócia-líder de blockchain e ativos digitais da EY, acredita que o back-office dos bancos será o primeiro a sentir o impacto da economia tokenizada, ou seja, aquela baseada em tokens para representar um ativo físico em meio digital. Durante o ABBC Conecta, nesta quinta-feira, 9, a executiva explicou que a chegada do principal meio tokenizado, o Drex, vai alterar as áreas internas dos bancos, mas não deve trazer efeito direto ao consumidor comum.
Talarico lembrou que o Drex terá uma estruturada automatizada e paralela à atual dos bancos. Na prática, isso significa que os modelos de liquidação e custódia serão diferentes do modelo tradicional, mas ambos deverão coexistir. Essa chegada do digital trará mudanças aos processos internos das instituições, que deverão trabalhar com os dois formatos em paralelo.
Por sua vez, André Carneiro, CEO da BBChain, afirmou que outro fator que afetará o back-office dos bancos é a automação. Com a entrada de uma operação mais digital, as pessoas que atualmente fazem tarefas manuais e repetitivas nas instituições financeiras deixarão de fazer essas funções. Carneiro não acredita que esses profissionais serão demitidos, mas precisarão se adaptar à nova realidade com funções mais consultivas.
Em um segundo momento, o líder da BBChain também prevê que muitas dessas funções manuais, que estão ligadas às operações mais voltadas aos clientes de alta renda, devem ser escaladas para os consumidores comuns a partir da automação e tokenização de processos financeiros.
“Simplifica e automatiza muitas tarefas simples do back-office. O impacto é positivo. Além disso, os serviços que são mais caros hoje (vide transferência internacional) pelo uso do back-office ficariam disponíveis para o cliente comum”, disse Carneiro.
Para Rafael Bianchinni, coordenador de regulação e riscos financeiros em infraestrutura do mercado do BC, outras vantagens que a tokenização trará são garantias mais sólidas e seguras para liberação de crédito, a partir de contratos inteligentes, mas sem substituir a análise de crédito; e o fato de que as novas tecnologias vão desafiar os produtos tradicionais do serviço financeiro, como a programabilidade de pagamentos.