Aos poucos, começam a acontecer no Brasil os primeiros testes de marketing com microlocalização dentro de estabelecimentos comerciais usando marcadores com a tecnologia Bluetooth 4.0, conhecidos como beacons. Em janeiro, será a vez de uma filial do supermercado atacadista Bahamas Mix em Juiz de Fora/MG. E em fevereiro é esperado um teste com uma nova delicatessen que será inaugurada no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro. Ambos os projetos estão sendo realizados pela mineira Handcom, que desenvolveu uma plataforma própria para o gerenciamento dos marcadores.
Os beacons posicionados nas prateleiras dos estabelecimentos vão se comunicar via Bluetooth com aplicativos nos iPhones dos consumidores. Estes receberão informações extras e ofertas sobre os produtos da seção em que estiverem. Na prática, é uma comunicação que leva em conta a proximidade do cliente: embora o sinal dos marcadores alcance até 50 metros, o smartphone abre apenas a mensagem daquele que estiver mais perto. A interação é feita sem a necessidade de um único clique pelo consumidor, por meio de mensagens que abrem automaticamente na tela do iPhone. No Bahamas Mix serão instalados cerca de 20 marcadores. Na delicatessen carioca serão 10.
Através da plataforma na web criada pela Handcom, o varejista poderá administrar o conteúdo enviado pelos beacons. É possível programar, por exemplo, o envio de uma mensagem de boas vindas quando o consumidor entrar no estabelecimento, além de promoções específicas, dependendo da seção ou corredor por onde o cliente andar. A plataforma gera ainda estatísticas sobre quantas pessoas passaram por quais áreas da loja e quanto tempo ficaram em cada uma, fornecendo um raio-x sobre a movimentação dentro do estabelecimento.
Cada rede varejista terá um app próprio, desenvolvido pela Handcom, para se comunicar com seus marcadores e servir de interface com o consumidor. Haverá também um app genérico da Handcom que se comunicará com os beacons de todos os estabelecimentos que usarem sua plataforma. Esse app se chamará Encart.es e estará disponível na App Store em breve. "Pensamos em criar uma gameficação: cada vez que o usuário passar por um beacon ganhará pontos e isso poderá ser trocado por produtos", comenta Gustavo Oliveira, CEO da Handcom.
Ainda não há versão para Android porque falta padronização do sistema operacional do Google com a comunicação através desses marcadores. "No Android 4.3, conseguimos fazer com que nosso app enxergue os beacons. Mas ainda vai levar alguns meses para lançarmos uma versão para Android", relata Oliveira.
Fabricação
A Handcom pesquisou possíveis parceiros para a fabricação local dos marcadores, mas acabou optando por um fornecedor chinês, que, mesmo do outro lado do mundo, consegue um preço unitário mais barato que os concorrentes nacionais. A ideia é vender cada beacon por aproximadamente R$ 60, como preço de ponta para o varejo. A receita principal da Handcom virá da venda dos serviços atrelados à plataforma.