| Publicada originalmente no Teletime | A receita do mercado móvel brasileiro pode registrar uma taxa de crescimento anual composto (CAGR) de 5,2% nesta década e alcançar faturamento de US$ 25,1 bilhões em 2033. A projeção é da S&P Global Market Intelligence, que aposta no segmento móvel crescendo mais do que o PIB do Brasil durante esta década.
As cifras projetadas para 2033 (cerca de R$ 122 bilhões no câmbio atual) superam os US$ 14,5 bilhões em receitas apuradas em 2022. Segundo o braço de pesquisa de mercado da S&P, fatores como a consolidação do mercado móvel, novos fluxos de receitas com 5G, serviços digitais e IoT e a migração de acessos pré-pagos para a modalidade pós-paga devem sustentar o incremento dos números.
“O mercado móvel terá um desempenho melhor do que a expansão esperada do PIB do país até 2033 (CAGR de 3,1%), enquanto as empresas ainda deverão observar um crescimento acima da inflação nos próximos anos”, apontou o material, assinado pelo analista Bruno do Amaral. O relatório também utiliza projeções da Kagan, a divisão da S&P Global Market Intelligence para os mercados de telecom, mídia e tecnologia.
Os analistas ainda esperam crescimento na receita média por usuário (ARPU) do segmento móvel brasileiro. Se no segundo trimestre de 2023 o indicador apontava US$ 5 médios (R$ 24), a expectativa é que haja avanço anual composto de 4,1% – para um ARPU móvel de US$ 7,55 (R$ 37) em 2033.
É projetada também uma alta no número de assinantes da indústria móvel, que neste caso cresceria a uma taxa composta de 1,1% no intervalo de uma década. Assim, o mercado móvel poderia atingir 279 milhões de acessos em 2033, passando de penetração de cerca de 116% para 123% ao fim do período. Neste caso, acessos máquina a máquina devem colaborar com os números, a partir de crescimento composto de 5,5%.
5G
Já no caso do 5G, a aposta é que o padrão se torne rapidamente “mainstream” no Brasil. A S&P Global Market Intelligence projetou que o padrão se tornaria o segundo mais utilizado no País ainda em 2023, em estimativa que efetivamente se concretizou nos últimos meses do ano passado.
A consultoria também notou que novas competidoras estão ingressando no mercado móvel 5G (como Brisanet e Unifique) e que a utilização de espectro do 2G e 3G para gerações mais recentes já está sendo avaliada pelo País.
Lucratividade
O relatório observa que efeitos positivos sobre a lucratividade do segmento móvel foram observados já em 2023. Ao fim do segundo trimestre do ano passado, o Ebitda setorial do segmento móvel havia saltado 18% em um ano, ao passo que a margem Ebitda no mesmo período era de 42,7%, em alta de 5,2 pontos percentuais.
“A indústria móvel do Brasil passou por várias grandes mudanças nos últimos anos. Juntamente com a pandemia e um grande leilão de 5G, o evento mais significativo foi a consolidação do mercado, com a quarta principal empresa do país, a Oi, fatiando e vendendo suas operações móveis para três principais concorrentes [Claro, TIM e Vivo]. Isso resultou em um efeito dominó em toda a indústria, incluindo um novo cenário de espectro”, nota o documento.
Assim, medidas de eficiência de custos e investimentos menos intensivos são vistas como provável cenário para os próximos anos, abrindo espaço para modelos de expansão de rede como o compartilhamento (RAN sharing).
Em paralelo, o próprio momento econômico brasileiro seria fator positivo adicional – com a economia doméstica em um ponto de virada marcado por taxas de juros mais baixas e previsões otimistas de PIB “propiciando um cenário sólido para as nossas perspectivas de crescimento de receita robustas para os serviços móveis”.
Crédito: imagem produzida por Fernando Paiva com IA generativa (Dall-E 3)