“A declaração do ministro Fábio Faria ao dizer que a Huawei não preenche os requisitos para participar da rede privativa de 5G do governo foi inoportuna e inoperante. É uma forma de falar indelicada e anti-diplomática, num momento em que devemos juntar esforços para beneficiar o Brasil”. Foi o que afirmou o deputado Fausto Pinato (PP/SP), presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, em entrevista ao Mobile Time, nesta quarta-feira, 10.
Pinato se referiu à audiência pública que o ministro participou, na terça-feira, 9, com Grupo de Trabalho (GT) criado pela Câmara dos Deputados para acompanhar a implantação do 5G no País. Apesar de reiterar que não haverá vetos a nenhum fornecedor no leilão, Faria declarou que a Huawei não estará especificamente entre os fornecedores da rede privativa do governo por não atender os pré-requisitos de governança corporativa. “Quais os dados técnicos para esta afirmação? Existe uma tecnicidade para esta exclusão?”, questionou o deputado.
Faria disse que não havia interesse da própria Huawei de participar da rede privativa do governo – entretanto a empresa declarou, por meio de seu CSO da companhia para a América Latina, Marcelo Motta, o contrário. Em uma entrevista coletiva no dia 2 de março, Motta afirmou que “a Huawei já atende a diversos padrões de governança corporativa, com publicação de relatórios anuais auditados pela KPMG e informações sobre board de diretores”. E, em conversa recente com Mobile Time, Motta questionou: “Qual fornecedor consegue atender? Não tem nenhum fornecedor listado (na bolsa) no País. Quais critérios vão ser utilizados? Dentro da Bovespa há várias categorizações. É uma cláusula que precisa ser mais bem explicada”, comentou na época.
O deputado destacou os esforços que parlamentares, junto com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL), vêm fazendo para tentar uma aproximação com a China, melhorando o mal-estar causado por representantes do governo, incluindo o próprio filho do Presidente Jair Bolsonaro, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL/SP), por ataques constantes ao país. “A parte sã do governo deve juntar forças para não deixarmos questões ideológicas abalarem uma parceria de tantos anos. Com a aproximação de Arthur Lira, o embaixador está mais aliviado. Ele não tem interesse de brigar com o Brasil por conta da parceria com o agronegócio”, disse. “A China é uma avalista nessa parceria. Chineses não são de comentar nada. Eles são de agir, de trabalhar. Agora estamos precisando deles. E a vida é feita de reciprocidade”, completou, referindo-se à participação da Huawei no 5G e à negociação sobre a venda de insumos para vacinas contra a Covid-19.