A Claro confirmou que conversa com TIM e Vivo para criar um sistema de compartilhamento de rede celular (RAN Sharing) em rodovias. Para Celso Birraque, diretor de redes de acesso móveis da operadora, há a intenção de se investir de forma conjunta na cobertura para as estradas brasileiras, mas falta costurar um acordo comercial entre as três, além de flexibilização de contrapartidas e moderação da Anatel.

Durante o Fórum de Operadoras Inovadoras 2024, evento organizado por Mobile Time e Teletime nesta quarta-feira, 10, o executivo afirmou que esse acordo pode ser alcançado com apoio do regulador. Esse apoio e coordenação da Anatel poderia ser uma flexibilização das metas de conectividade das operadoras ante o leilão do 5G.

“Talvez seja flexibilizar onde já existe a presença (da concorrência) e migrar o investimento para rodovia, desde que a rede seja compartilhada”, disse Birraque. “Só seria pedido ou pensado um RAN Sharing em locais onde faz sentido para a operadora. Seja pela demanda pequena ou pela necessidade de crescer e precisar da infraestrutura de outro rival. Geralmente esses acordos são de paridade”, completou.

“A cobertura de rede em estrada é um serviço público. Diria que o primeiro passo é compartilhar o que tem, e depois, encontrar com a Anatel uma flexibilização das metas e iniciar com uma tecnologia mais leve e que atenda as demandas (4G) para então evoluir para o 5G em locais em que haverá a necessidade para isso”, explicou Birraque,

Compartilhar para crescer

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Antonio Maya, CTO da IHS Towers (crédito: Elaine Ballog/Mobile Time)

De acordo com Antonio Maya, CTO da IHS Towers, menos de 32% das rodovias federais brasileiras possuem alguma cobertura de dados móveis, e mais de 50% desta cobertura está concentrada no Sul e Sudeste. O executivo defendeu uma ação de compartilhamento total da infraestrutura de redes móveis para levar a conectividade às estradas.

Para Maya, o motivo de não ter avanço das redes nas rodovias é que o investimento é alto para as operadoras e o retorno é pequeno, uma vez que terá somente 20% de utilização. Na concepção do executivo, um compartilhamento entre as três operadoras viabilizaria o seu custo, uma vez que um site poderia ser compartilhado pelos três e a utilização passaria para 60%.

Com uma operadora de rede neutra fazendo a implantação por meio de Network as a Service, o CTO da IHS explicou que seria possível fazer um compartilhamento da infraestrutura por fases:

  1. Compartilhamento do sistema de energia;

  2. Compartilhamento do sistema irradiante;

  3. Compartilhamento da ERB;

  4. Compartilhamento de Espectro.

Neste formato, Maya afirmou que a operadora não precisa adotar todos os níveis de compartilhamento.

‘Hiato’ e opções

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Carlos Roseiro, diretor de soluções integradas da Huawei (crédito: Elaine Ballog/Mobile Time)

Para Carlos Roseiro, diretor de soluções integradas da Huawei, a iniciativa proposta pela IHS apenas com o setor privado é “louvável”, mas reforçou que é preciso “ter o regulador para empurrar a questão da cobertura de rodovias”. Disse ainda que a devolução da frequência de 700 MHz pela Winity deixou um “hiato” no mercado de telecomunicações, pois não há substituto para cumprir a meta de levar o 4G às rodovias.

Com isso, Roseiro acredita que faltam de 3 mil a 3,5 mil sites para levar conectividade às estradas brasileiras, algo que pode ser feito com sinergias, como levar conectividade às escolas públicas e regiões agrícolas, ao mesmo tempo que leva para as estradas.

O executivo da fornecedora afirmou ainda que as rodovias trarão oportunidades para as operadoras no futuro, uma vez que os carros conectados e autônomos precisarão de acesso às redes celulares no País. Lembrou que um dos principais conceitos difundidos pela Huawei são as redes B2V (Business-to- Vehicle), um formato que pode atender carros elétricos conectados que, segundo Roseiro, consomem em média 15 GB por mês, entre atualizações de software interno e entretenimento; e os carros autônomos que consomem 40 GB por mês.

Imagem principal: Para Celso Birraque, diretor de redes de acesso móveis da Claro (crédito: Elaine Ballog/Mobile Time)

 

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