O presidente Lula aceitou a indicação de Pedro Lucas Fernandes, atual líder do União Brasil na Câmara, representante do Maranhão, como próximo ministro das Comunicações. A declaração foi confirmada em conversa com a imprensa após uma agenda em Honduras, na noite de quarta-feira, 9. E oficializada na noite desta quinta-feira, 10.
Lula se reuniu com representantes do partido, além do próprio ex-ministro, Juscelino Filho, já exonerado (saiba mais abaixo). Após o encontro, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, anunciou que Pedro Lucas deve assumir o posto depois do feriado de Páscoa.
Substituição no MCom
Juscelino Filho pediu demissão na terça-feira, 8, dia em que se tornou público, pela imprensa, que a Procuradoria-Geral da República apresentou ao STF uma denúncia contra ele, por supostos desvios em emendas parlamentares enquanto era deputado federal. O caso tramita em sigilo. Ele nega as acusações e afirma que deve conseguir provar na Justiça.
Lula foi questionado sobre as suspeitas e disse que “todas as vezes que um ministro é denunciado pelo Procurador Geral, é uma política saudável que ele se afaste do governo para poder provar a sua inocência e não comprometer o dia a dia do governo”.
O presidente também afirmou que o sucessor deveria ser do mesmo partido.”O União Brasil tem direito de me indicar um sucessor para o Juscelino, que é do União Brasil”, disse
Transição e reação
A exoneração de Juscelino foi confirmada no Diário Oficial da União de quarta, sem a indicação de um substituto. Apesar disso, as agendas que já estavam marcadas com os secretários do time de Juscelino foram mantidas. Por enquanto, o expediente de relacionamento com o setor de telecom não está paralisado.
Representantes do setor de telecom ouvidos pelo Mobile Time reconhecem certo distanciamento do parlamentar das demandas setoriais até então, mas não muito diferente do que era o próprio Juscelino quando foi indicado.
Denúncia
As suspeitas sobre Juscelino vinham sendo divulgadas desde os primeiros meses de mandato, em 2023. As acusações apontam que, enquanto deputado federal pelo Maranhão, ele teria recebido pelo menos R$ 50 milhões em emendas oriundas do chamado orçamento secreto. Deste valor, teria encaminhado uma parte para Vitorino Freire, município maranhense gerido por sua irmã e que tem seus familiares se revezando no poder há mais de 50 anos.
Relatório da Controladoria-Geral da União identificou uma possível empresa de fachada contratada para as obras de pavimentação e uma dos trechos asfaltados estaria próximo a uma de suas propriedades.
Em nota, a defesa de Juscelino afirma que “o ministro reafirma sua total inocência e destaca que o oferecimento de uma denúncia não implica em culpa, nem pode servir de instrumento para o MP pautar o país”. Os advogados ressaltam que ”o julgamento cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF), em quem Juscelino Filho confia que rejeitará a peça acusatória diante da sua manifesta ausência de provas”.
Foto no alto: Deputado Pedro Lucas Fernandes (União-MA) (Crédito: Marina Ramos/Câmara dos Deputados)