R$ 16 bilhões foi o prejuízo que a greve dos caminhoneiros trouxe à economia brasileira em 2018, segundo o então Ministério da Fazenda – hoje Ministério da Economia. Em um cenário complexo com o aumento no valor do diesel, que aumenta o valor do frete, pela Petrobras, o preço baixo do frete repassado aos caminhoneiros e as tensas relações entre condutores e o poder público, a startup Pega Carga (Android, iOS) aposta na tecnologia para diminuir os problemas no setor, além de projetar a criação de um banco para caminhoneiros e transportadoras ainda em 2019.
De acordo com Bernardo Lage, diretor operacional da empresa, a plataforma tenta se diferenciar pela desintermediação, ao eliminar a venda pelo sistema da central de carga: “Hoje todas as plataformas que existem são baseadas em uma central de carga. Um sistema que expõe a carga e a rota – algo que gera um problema de segurança grave. Ainda que não tivesse um problema de segurança, essa solução cria um mercado predatório, pois o seu concorrente sabe onde sua carga está. Gera leilão reverso, e o caminhoneiro começa a achar que o frete é baixo”.
Com 16 mil usuários ativos diários e 3,8 mil transportadoras cadastradas, a plataforma é totalmente gratuita. Além do seu app principal, a Pega Carga tem pelo menos 28 aplicativos white label criados por sua equipe.
“Esse é um mercado em voga. Responde por 10% do PIB brasileiro. É uma classe que foi renegada e subjugada. Além disso, as transportadoras também pagam alto com insegurança, custos e taxas. É uma cadeia produtiva muito maltratada, mas é um pilar da economia. Isso ficou óbvio com a greve do ano passado”, completou.
Como funciona
Por meio do app Pega Carga, o caminhoneiro baixa o app, cadastra o caminhão e seus dados pessoais. Em seguida, o profissional se conecta e se coloca disponível para receber as cargas. A plataforma geolocaliza e rastreia para a transportadora. Por sua vez, o contratante cadastra a demanda de frete e direciona com filtros, a negociação é direta e sem intermediários, feita por chat ou ligação. Após os valores serem definidos, a transportadora acompanha a rota por georreferenciamento. Na segurança, a companhia usa um banco de dados Oracle que é dividido em sete datacenters, análise de dados junto à ANTT e Sinesp, short-code SMS para confirmar que o caminhoneiro é ele mesmo quando fecha um negócio, além de fazer um acompanhamento.
Filtros do Pega Carga para empresas
Monetização
Embora tenha sua plataforma gratuita e sem intermediários, a Pega Carga consegue monetizar com outra solução, um cartão pré-pago Visa oferecido aos motoristas. Feito em parceria com o Omnibanco, a companhia ganha um percentual das compras realizadas pelos profissionais. No cartão, o condutor tem direito a dois saques sem custo, DOC ou TED e a usar na rede da Visa de maneira ilimitada. Além disso, também há espaço para venda de publicidade.
Futuro
Com o registro do Banco do Caminhoneiro e Banco Transportador junto ao INPI, a Pega Carga pretende atuar como uma fintech ainda neste ano. Para isso, a empresa procura um parceiro (banco) que seja licenciado ao Banco Central e que tenha estrutura digital e operacional. Além disso, Lage explica que pretende ofertar mais produtos ao seu público: “Vamos oferecer linha de crédito, seguros customizados para caminhoneiro e transportadora. E vamos disponibilizar o TMS, um sistema com todas as secretarias de fazenda estaduais do País para que seja feita a emissão da nota fiscal, algo que hoje eles pagam. Até o final do ano será gratuito e mobile”.