Imagens do Instagram Lite
Uma coalizão de 44 procuradores-gerais dos Estados Unidos enviou uma carta a Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, pedindo ao executivo para abandonar os planos de lançar uma versão do Instagram para menores de 13 anos. O grupo afirma no texto que a mídia social pode ser prejudicial para crianças por uma miríade de razões e que o Facebook historicamente falhou em proteger o bem-estar das crianças em suas plataformas.
“O uso da mídia social pode ser prejudicial à saúde e ao bem-estar das crianças, que não estão preparadas para enfrentar os desafios de ter uma conta na mídia social “, dizem as autoridades na carta.
Para Letitia James, a procuradora-geral de Nova Iorque, o Instagram para esse público é uma ideia perigosa e que põe em risco a segurança das crianças. “A mídia social não é apenas uma ferramenta influente que pode ser prejudicial para crianças que não são da idade apropriada, mas este plano pode colocar as crianças diretamente no caminho dos predadores. Há muitas preocupações para deixar o Facebook seguir em frente com essa ideia mal concebida, e é por isso que pedimos à empresa que abandone o lançamento do Instagram Kids. Devemos continuar a garantir a saúde e o bem-estar de nossa próxima geração e além”, disse a procuradora em declaração durante o envio da carta.
O pedido dos procuradores-gerais é endossado com pesquisas indicando que as mídias sociais podem ser prejudiciais ao bem-estar físico, emocional e mental das crianças; dados que comprovam o aumento do cyberbulling; e a falta de capacidade das crianças de discernir conteúdos que podem ser prejudiciais, publicitários, impróprios, além de haver o risco do contato com pessoas estranhas. Outros pontos foram citados pela coalizão, como a falta de capacidade das crianças terem um entendimento do que significa o conceito de privacidade, e sua importância, e a preocupação com o contato com pessoas com más intenções, chamadas pelo grupo de “predadores”.
De acordo com um relatório de 2019 da National Society for the Prevention of Cruelty to Children (Sociedade Nacional para a Prevenção da Crueldade contra Crianças), citado na carta dos procuradores-gerais, houve um aumento de 200% nas ocorrências registradas no uso do Instagram para atingir e abusar de crianças ao longo de um período de seis meses em 2018. Outro dado apresentado na carta foram os relatórios da polícia do Reino Unido, que documentaram mais casos de aliciamento sexual no Instagram do que em qualquer outra plataforma. E, em 2020, sozinhos, Facebook e Instagram relataram mais de 20 milhões de imagens de abuso sexual infantil.
Vale lembrar que o Instagram Kids foi anunciado em março deste ano. No entanto, ao mesmo tempo, a Amnesty Tech, braço da Anistia Internacional, criticou o lançamento por acreditar que a empresa usará os dados das crianças para capturar informações e lucrar com seus perfis.
Entre os procuradores-gerais de diversas regiões dos EUA que e assinaram a carta estão autoridades dos distritos de Massachusetts, Nebraska, Tennessee, Califórnia, Kansas, Carolina do Sul, Washington, além de Alasca e Havaí.
