Um estudo encomendado pela Fundação Telefônica Vivo revelou que a maioria (73%) das redes municipais de ensino não têm uma área específica para o atendimento e apoio de uso de tecnologias digitais nas escolas, assim como mais da metade (55%) não tem profissionais dedicados para o tema na estrutura das prefeituras Brasil afora. Feita em parceria com Centro de Inovação para Educação Brasileira (CIEB), União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), a análise teve respostas de 1.065 cidades sobre o uso da tecnologia nas escolas, da infraestrutura ao ensino.

Divulgado nesta quarta-feira, 10, o documento revela ainda que a maioria (84%) das redes de ensino não possuem orçamento dedicado para a área de tecnologia. Entre aquelas com orçamento, 39% fazem tanto a gestão orçamentária quanto a execução; 42% fazem a gestão orçamentária e não executam; e 19% ficam com o montante administrado por outra secretaria municipal.

As desenvolvedoras da pesquisa lembram que há dinheiro público disponível para implementação de tecnologias, como os R$ 3,1 bilhões de contrapartida do leilão do 5G geridos pelo Grupo de Acompanhamento do Custeio a Projetos de Conectividade de Escolas (Gape), presidido pela Anatel, além da atualização do Fust em 2020 que diz: “será obrigatório dotar todas as escolas públicas brasileiras, em especial as situadas fora da zona urbana, de acesso à internet em banda larga, em velocidades adequadas, até 2024”.

“Há, portanto, grande previsão de recursos, amparados por leis, para apoiar a implementação de conectividade nas escolas e/ou fornecer acesso à banda larga móvel a estudantes e professores da rede pública. Todavia, o acesso a esses montantes pelos municípios ainda não se efetivou, graças a inúmeras razões. Como bem colocado pelo relatório ‘Tecnologias na Educação — Recomendações para a transformação digital da educação pública brasileira’ (Todos pela Educação, 2022): ‘A dispersão de tais programas entre diferentes instâncias e a ausência de uma coordenação nacional despontam como desafios centrais para seu planejamento, governança, financiamento e regulamentação de forma organizada e qualificada’. São questões que precisam ser acompanhadas e superadas no sentido de viabilizar a destinação de recursos para apoiar essa importante frente”, revelou no documento.

Ensino na prática

Outro ponto do estudo revelou que uma em cada cinco escolas brasileiras (20%) não tem ensino de tecnologia e computação no currículo. Aqui, a maioria das escolas (80%) dizem que o tema aparece de forma transversal no currículo escolar, ou seja, a matéria acaba entrando em outra área do conhecimento (português ou matemática, por exemplo).

Pelo lado do professor, 40% das redes de ensino no Brasil responderam que não têm formação continuada de docentes sobre tecnologia, embora 78% das organizações reconheçam que a atualização do profissional no tema é prioridade para os próximos anos.

 

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