Espectadores do mundo todo estarão de olho na Copa do Mundo do Catar, que ocorre entre os dias 20 de novembro e 18 de dezembro. Dessa vez, entrarão em campo jogadores um pouco diferentes – os dispositivos móveis, sejam smartphones ou tablets. Na opinião do americano Gil Rosen, CMO da Amdocs, a grande mudança que ocorrerá na forma como as pessoas assistirão ao evento esportivo será a utilização mais disseminada dos handsets.
“Entre esses quatro anos, tivemos avanços que eu diria que são ‘chatos’, como a capacidade de transmitir em 4K. A evolução entre 2018 e agora é basicamente dispositivos móveis entrando no jogo e as telas sendo de altíssima qualidade. Acho que agora estamos passando para o próximo capítulo da Internet, que é a experiência imersiva e os diferentes tipos de dispositivos”, explicou o CMO, em coletiva de imprensa, nesta quinta-feira, 10, em São Paulo.
Uma pesquisa realizada pela Amdocs, com 600 espectadores do Brasil e do México, mostrou que metade dos jovens com menos de 35 anos planejam assistir aos jogos por meio de streaming, não pelos canais de televisão tradicionais. Mais do que isso, 30% dos brasileiros disseram que pretendem acompanhar as partidas por meio das redes sociais. Um dos streamers mais famosos do Brasil, Casimiro, vai transmitir oficialmente 22 jogos da Copa por um canal do YouTube, depois da FIFA ter cedido os direitos.
“Isso significa que não estou necessariamente assistindo ao vivo do início ao fim. Eu posso olhar trechos que estão disponíveis no Instagram, TikTok ou qualquer outra plataforma”, disse. “O hábito de assistir não é o tradicional, de sentar no sofá da sala e assistir ao jogo na TV. Seguirei as pessoas que estão assistindo ao jogo. Na verdade, essa tendência começou com as pessoas assistirem outras jogando, e agora está se transferindo também para os principais eventos esportivos”, apontou.
Conectividade móvel
Um fator, no entanto, pode atrapalhar os brasileiros que desejam assistir aos jogos por meio dos seus celulares ou tablets. 46% não acreditam que a sua conexão de rede móvel seja forte e confiável o suficiente para acompanhar as partidas quando não há Wi-Fi disponível. No México, esse número cai para 41%.
“É um caso de uso extremo não apenas do streaming, mas também do seu nível de expectativa, de que você não pode perder uma jogada ou permitir um buffer como quando assiste ao streaming. Não é algo que você vai permitir se for um jogo ao vivo, porque enquanto a rede está em buffer por cinco segundos, você ouviria os gritos na casa de alguém quando um gol for marcado”, exemplificou.
Na visão de Rosen, as redes móveis, principalmente depois do advento do 5G, já permitem uma conexão boa o suficiente para isso, capaz de transmitir jogos em tempo real, sem atraso. O que falta é a disseminação da informação. “Eu acho que a capacidade tecnológica não garante confiança. Confiança é uma coisa psicológica. Isso significa que as redes e os provedores precisam falar sobre a capacidade da rede, fornecer a confiança”, afirmou.
Pagamentos extras
No Brasil, muitas pessoas estão dispostas a pagar mais para terem um pacote de dados ilimitado de 5G especialmente para assistir aos jogos da Copa. 70% dos espectadores disseram que poderiam aderir a uma oferta dessas. Eles pagariam US$ 10 (42%), US$ 20 (19%), US$ 40 (4%) e até US$ 55 (5%), o que resulta em uma média de US$ 13. Por outro lado, 30% não pagariam a mais para isso.
“Isso significa que, em primeiro lugar, os espectadores querem assistir ao jogo em seus dispositivos móveis. Em segundo lugar, a qualidade do serviço e a confiança que recebem é algo superimportante para eles”, disse o CMO.
Metaverso
Outro assunto sobre o qual os entrevistados foram perguntados foi o metaverso. 56% dos brasileiros afirmaram que pagariam a mais para poder assistir a eventos de esporte, seja da Copa do Mundo ou não, com outros fãs dentro desse mundo digital. Contudo, 29% não pagariam, o que demonstra ainda certa resistência à ideia.
“Quando você fala com o consumidor, não é sobre a tecnologia, mas o tipo de experiências que o metaverso pode proporcionar. Não apenas eles estão querendo experimentá-lo, mas uma parcela muito grande está disposta a pagar mais por isso. Isso significa que os provedores de serviços precisam fazer algo a respeito. Há um apetite. O que precisamos fazer agora? Experimentar. O que eles mais gostam? O que pega? Não sabemos porque é só o começo”.