O WhatsApp foi uma ferramenta importante para a promoção das candidaturas de políticos nas eleições deste ano para todos os cargos, de deputados estaduais a presidenciáveis. Não é para menos, afinal, o aplicativo de mensageria é utilizado diariamente por praticamente todos os brasileiros que possuem smartphone. O problema é que, além do uso legítimo do WhatsApp para a troca de informações entre militantes voluntários ou entre candidatos e seus eleitores que previamente autorizaram o recebimento de mensagens, houve denúncias de envio de spam eleitoral, assim como de distribuição de notícias falsas. A pedido de Mobile Time, a empresa de pesquisas online Opinion Box realizou uma pesquisa sobre o tema, após encerrado o pleito eleitoral. Foi constatado que cerca de um em cada quatro brasileiros com smartphone, ou 26% precisamente, afirmam ter recebido mensagens com propaganda eleitoral enviadas por números desconhecidos durante a campanha deste ano.
Foram entrevistados 1.694 brasileiros maiores de 16 anos, ou seja, com direito a voto, que possuem smartphone e têm o WhatsApp instalado. Desse total, 72% afirmam ter recebido mensagens com conteúdo político durante as eleições. A grande maioria deles (87%) declara que tais mensagens não influenciaram em nada sua decisão de voto. 10% admitem que podem ter influenciado um pouco, enquanto 3% disseram que influenciaram muito.
Dentre os 72% que receberam mensagens políticas, 36% disseram ter recebido de números desconhecidos, ou seja, spam. Se expandido para a base total de entrevistados, chega-se ao percentual referido no título da matéria: 26% dos brasileiros que usam WhatsApp receberam spam eleitoral pelo aplicativo durante as eleições deste ano.
Fake News
A respeito da profusão de notícias falsas, 80% dos entrevistados que receberam mensagens eleitorais pelo WhatsApp avaliam que havia mentiras ema algumas delas. E 10% admitem que repassaram para outras pessoas mensagens políticas mesmo sem conferir se o conteúdo era verdadeiro. Provavelmente o percentual real é maior, pois é razoável imaginar que nem todo mundo reconheça o erro, ainda que em uma pesquisa anônima.
Imprensa em alta
A pesquisa constatou que a imprensa profissional ainda goza de mais confiança dos brasileiros do que outros meios alternativos de comunicação. Quando perguntados sobre qual meio de comunicação mais confiam para se informar sobre política, os jornais da TV ficam em primeiro lugar, citados por 55,2% dos entrevistados, seguidos pelos jornais impressos (20,2%). Em terceiro lugar, empatados tecnicamente, estão o rádio (9,2%) e páginas do Facebook (9%). Grupos de WhatsApp aparecem por último (6,2%).
Note-se que a preferência pelo jornal impresso como principal fonte de informação política é maior nas classes A e B (32%) do que nas C, D e E (17%), o que se inverte no caso dos jornais de TV (43% e 59%, respectivamente).
Há também variações regionais significativas. Os jornais impressos gozam de mais confiança no Sul (29%) e no Sudeste (25%), do que nas demais regiões: Centro-Oeste (16%), Nordeste (13%) e Norte (4%). O panorama muda quando se trata de jornais na TV, com o Norte liderando (68%), seguido por Nordeste (65%), Centro-Oeste (61%), Sudeste (51%) e Sul (42%).
Por sua vez, a influência de meios alternativos, como páginas de Facebook e grupos de WhatsApp, é maior nas classes C, D e E do que nas classes A e B. Entre os mais pobres, 10% apontam as páginas de Facebook e 7%, os grupos de WhatsApp, como sendo seus canais preferidos para se informar sobre política. Entre os mais ricos esses percentuais caem para 7% e 3%, respectivamente.