Desde outubro de 2013, os smartphones e tablets desonerados pela Lei do Bem passaram a trazer recomendações de aplicativos móveis nacionais. Levantamento feito por MOBILE TIME revela que, até o presente momento, 355 aplicativos diferentes foram selecionados pelos fabricantes e aprovados pelo Ministério das Comunicações (Minicom). As categorias com mais títulos são as de jogos (60), educação (48) e esportes (43). Desde dezembro passado os modelos desonerados precisam indicar pelo menos 50 apps nacionais. Três fabricantes, porém, ainda não tiveram suas listas atualizadas publicadas no Diário Oficial, estando ainda abaixo de 50: Alcatel One Touch, CCE e Multilaser.

O desenvolvedor que recebeu a maior quantidade de recomendações foi o UOL: dez títulos criados pela empresa foram escolhidos 37 vezes, distribuídos entre seis fabricantes diferentes. Os apps da companhia selecionados até agora foram: Bate-papo UOL; Desafio UOL; Guia UOL; PagSeguro; Placar UOL; Shopping UOL; UOL Copa; UOL Cotações; UOL Notícias; e UOL Sedes da Copa. Todos são apps gratuitos e, à exceção do PagSeguro, geram receita através de publicidade, seja com venda de cotas de patrocínio ou de inventário em banners.

Como na grande maioria dos aparelhos as recomendações são feitas por meio de uma pasta com links que redirecionam para as lojas de aplicativos, o CTO do UOL, Marcio Drummond, explica que não é possível medir objetivamente o efeito da Lei do Bem sobre os downloads dos apps do grupo. De todo modo, o executivo elogia a iniciativa do governo e espera que a exigência de recomendação de apps nacionais seja mantida em uma eventual nova regulamentação da Lei do Bem: "É uma lei fundamental para o desenvolvimento tecnológico brasileiro. Tirar essa lei ou reduzir o benefício que ela gera seria inibir o processo de inovação tencológica do País. O mínimo que deveria acontecer é a sua manutenção."

O aplicativo do UOL que conseguiu a maior quantidade de indicações foi o Placar UOL, escolhido por seis fabricantes. Nesse quesito, o campeão foi o Kekanto, guia local colaborativo, que figura nos aparelhos desonerados de dez fabricantes diferentes: Apple, Asus, Huawei, LG, Motorola, Multilaser, Nokia, Positivo, Samsung e Sony. Também merecem destaque o MeuCarrinho, app de lista de compras; o Grubster, app de reserva de restaurantes; e o Recomind, rede para a indicação de prestadores de serviços, escolhidos por nove, oito e sete fabricantes, respectivamente (veja o ranking abaixo). Por sinal, todos são títulos de start-ups, embora algumas já tenham recebido aportes de grandes investidores, como o Kekanto.

Institutos de tecnologia

É marcante o uso pelos fabricantes de seus institutos de tecnologia presentes no Brasil para a geração de apps de forma a atender as cotas mínimas exigidas pelo Ministério das Comunicações. Não à toa, o desenvolvedor que lidera em quantidade de títulos escolhidos é o Samsung Instituto de Desenvolvimento para a Informática (SIDI), com 22 apps, todos selecionados apenas pela Samsung. Em segundo lugar, com 20 títulos, ficou a uTouch, mas por causa de uma característica peculiar: é a desenvolvedora dos apps dos clubes de futebol do SporTV e teve todos escolhidos pela LG. O Venturus, ligado à Sony, aparece em terceiro lugar, com 14 títulos (veja lista ao fim da matéria).

Desenvolvedores independentes

Vale destacar a grande quantidade de apps assinados por pessoas físicas. Pelo levantamento feito por este noticiário, foram computados 97 títulos de autoria de pessoas físicas, o que representa 27% do total. O recordista foi Thiago Lopes Rosa, que teve oito apps recomendados por três fabricantes (Asus, Motorola e Sony). A maioria são jogos simples, como Forca, Caça-Palavras e Campo Minado.

Modelo de negócios

Pelo que apurou MOBILE TIME, a relação entre fabricantes e desenvolvedores de apps selecionados foi de ganha-ganha. Ou seja: não houve pagamento de uma parte a outra, pois ambas colhem benefícios. O desenvolvedor expõe seu app, enquanto o fabricante valoriza seu aparelho com conteúdo nacional e cumpre a regulamentação. Em muitos casos, os desenvolvedores, especialmente os independentes, bateram na porta dos fabricantes oferecendo seus títulos. Mas houve casos em que os apps foram selecionados diretamente pelas lojas de aplicativos sem necessitar qualquer contato com seu autor.

Análise

Obviamente, entre os desenvolvedores, os maiores beneficiados foram aqueles independentes, de pequeno porte. Para desenvolvedores com apps que registram mais de 1 milhão de downloads, a recomendação ou não pelos fabricantes é quase indiferente, porque acaba representando uma parcela pequena do total de downloads, já que o app não vem embarcado, mas na forma de link. É o caso da PSafe, que tem mais de 28 milhões de usuários no Brasil e foi recomendado por LG e Sony. "Para um app com a nossa escala, o benefício para o publisher é reduzido. O melhor canal é mesmo o boca a boca. É a recomendação dos usuários nas redes socias", comenta o fundador e CEO da PSafe, Marco de Mello.

Lista dos apps mais recomendados (em quantidade de fabricantes):

Kekanto – 10
Meu carrinho – 9
Grubster – 8
Recomind – 7
99taxis – 6
Cine Mobits – 6
O som dos bichos – 6
Placar UOL – 6
Way Taxi  – 6
Apontador – 5
Boa Lista – 5
Curso de bolso – 5
Dieta & Saúde – 5
iFood – 5
Onde vivem os animais – 5
SaveMe – 5
Taxi Já – 5
UOL Cotações – 5
Guia UOL – 5

Lista dos desenvolvedores com mais recomendações (soma de fabricantes por cada app):

UOL – 37
Samsung Instituto de Desenvolvimento para a Informática – 22
Thiago Lopes Rosa – 20
uTouch – 20-
Deivis Goetten Domingues – 16
Venturus – 16
Webcore – 13

Lista dos desenvolvedores com mais apps recomendados:

Samsung Instituto de Desenvolvimento para a Informática – 22
uTouch – 20
Venturus – 14
UOL – 10
Thiago Lopes Rosa – 8
QUByte – 6
INdT – 5
Josias Martins Maceda – 5

 

 

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